Todos os dias um novo aumento.
Assim tem sido a escalada do preço dos combustíveis sem que haja qualquer sinal de abrandamento, muito pelo contrário.
Apraz-me dizer que neste processo todo há uma notória especulação e cartelização entre produtores.
Apesar do preço do barril de crude ser negociado em dólares americanos e o dólar estar nitidamente em queda face ao Euro, ao mínimo ajuste na moeda americana dá-se uma (suposta) correspondência na Europa.
Depois há aquilo a que podemos chamar o síndrome de desculpabilização dos aumentos. Tudo serve para justificar a cobrança de mais cêntimos no acto de depósito. Uma simples greve numa plataforma na Venezuela, uma tensão armada entre países vizinhos, umas chuvas na Nigéria, o surto gripal do presidente dos Emirados Árabes Unidos, tudo serve.
No epicentro deste vendaval encontram-se países como Portugal, inteiramente dependentes de energias que provêm de componentes fósseis.
Nos últimos dias temos assistido a reivindicações populares a fim do Governo baixar os denominados ISP, os impostos sobre produtos petrolíferos.
Tal como José Sócrates sublinhou é papel do Governo «não cair na demagogia» e «não dar sinais errados sobre o estado da economia». Descer o imposto sobre combustíveis seria tapar o sol com a peneira, uma medida pontual rapidamente inutilizada pelos aumentos que se avizinham, dizer aos portugueses as energias derivados do petróleo são o futuro.
No que concerne a combustíveis Portugal não necessita de medidas pontuais mas sim estruturais. Para começar que se mudem as mentalidades.
Em Portugal ter carro é ter estatuto, é comodismo.
Basta uma breve deslocação a algumas capitais europeias tais como Londres, Paris ou Amesterdão para desmistificar alguns dos complexos a que assistimos em Portugal. Nestas ditas metrópoles é vulgar vermos empresários deslocarem-se de transportes públicos e até mesmo de bicicleta para os seus empregos. As empresas em vez de oferecerem lugares de estacionamento oferecem passes multiplataforma.
A feira das vaidades portuguesa olha o transporte público com desdém, acha-o plebeu. Para estas pessoas é preferível acordar duas horas antes do início do trabalho, só para enfrentar um pára-arranca de trânsito caótico até ao emprego. Na melhor das hipóteses o Português faz figas para que a maior parte das pessoas opte pelo transporte colectivo só para ter menos carros na estrada a impedi-lo.
Muitas destas pessoas não têm a consciência da dimensão destes aumentos. O que está em questão é muito mais do que mais alguns cêntimos na factura, é toda uma reformulação da forma como gerimos o nosso modus vivendus desde a segunda revolução industrial. Da energia, à construção civil, da confecção, à agricultura temos vivido numa era de petroleocentrismo sem nunca nos termos mentalizado da finitude deste recurso.
O bom disto tudo é que a rarefacção nos leva a ponderar sobre as nossas atitudes e a procurar alternativas.
Assim tem sido a escalada do preço dos combustíveis sem que haja qualquer sinal de abrandamento, muito pelo contrário.
Apraz-me dizer que neste processo todo há uma notória especulação e cartelização entre produtores.
Apesar do preço do barril de crude ser negociado em dólares americanos e o dólar estar nitidamente em queda face ao Euro, ao mínimo ajuste na moeda americana dá-se uma (suposta) correspondência na Europa.
Depois há aquilo a que podemos chamar o síndrome de desculpabilização dos aumentos. Tudo serve para justificar a cobrança de mais cêntimos no acto de depósito. Uma simples greve numa plataforma na Venezuela, uma tensão armada entre países vizinhos, umas chuvas na Nigéria, o surto gripal do presidente dos Emirados Árabes Unidos, tudo serve.
No epicentro deste vendaval encontram-se países como Portugal, inteiramente dependentes de energias que provêm de componentes fósseis.
Nos últimos dias temos assistido a reivindicações populares a fim do Governo baixar os denominados ISP, os impostos sobre produtos petrolíferos.
Tal como José Sócrates sublinhou é papel do Governo «não cair na demagogia» e «não dar sinais errados sobre o estado da economia». Descer o imposto sobre combustíveis seria tapar o sol com a peneira, uma medida pontual rapidamente inutilizada pelos aumentos que se avizinham, dizer aos portugueses as energias derivados do petróleo são o futuro.
No que concerne a combustíveis Portugal não necessita de medidas pontuais mas sim estruturais. Para começar que se mudem as mentalidades.
Em Portugal ter carro é ter estatuto, é comodismo.
Basta uma breve deslocação a algumas capitais europeias tais como Londres, Paris ou Amesterdão para desmistificar alguns dos complexos a que assistimos em Portugal. Nestas ditas metrópoles é vulgar vermos empresários deslocarem-se de transportes públicos e até mesmo de bicicleta para os seus empregos. As empresas em vez de oferecerem lugares de estacionamento oferecem passes multiplataforma.
A feira das vaidades portuguesa olha o transporte público com desdém, acha-o plebeu. Para estas pessoas é preferível acordar duas horas antes do início do trabalho, só para enfrentar um pára-arranca de trânsito caótico até ao emprego. Na melhor das hipóteses o Português faz figas para que a maior parte das pessoas opte pelo transporte colectivo só para ter menos carros na estrada a impedi-lo.
Muitas destas pessoas não têm a consciência da dimensão destes aumentos. O que está em questão é muito mais do que mais alguns cêntimos na factura, é toda uma reformulação da forma como gerimos o nosso modus vivendus desde a segunda revolução industrial. Da energia, à construção civil, da confecção, à agricultura temos vivido numa era de petroleocentrismo sem nunca nos termos mentalizado da finitude deste recurso.
O bom disto tudo é que a rarefacção nos leva a ponderar sobre as nossas atitudes e a procurar alternativas.