A recente passagem de Bento XVI pelo continente Africano fica marcada por mais um confronto conceptual em torno do uso do preservativo.
O tema não é novo, a posição intransigente da Igreja é também sobejamente conhecida.
O tema não é novo, a posição intransigente da Igreja é também sobejamente conhecida.
O que é mais preocupante é a Igreja ter escolhido o Continente mais flagelado pelas doenças infecto-contagiosas, com particular destaque para a SIDA, para reiterar a sua posição adversa em relação ao preservativo.
Mais do que o preservativo enquanto objecto a Igreja teme o que ele possa significar. A liberalização das relações interpessoais, uma certa libertinagem nos comportamentos sexuais mas principalmente a decadência do seu papel enquanto reguladora desses mesmos comportamentos.
Ao longo dos séculos, a Igreja sempre encontrou na estrutura familiar um reduto infalível para a conservação da sua doutrina. Substituindo-se aos doutrinadores pastorais os núcleos familiares foram os maiores repressores de comportamentos ditos modernos mantendo, deste modo, os dogmas e a ordem visada pela Igreja.
Mais do que o preservativo enquanto objecto a Igreja teme o que ele possa significar. A liberalização das relações interpessoais, uma certa libertinagem nos comportamentos sexuais mas principalmente a decadência do seu papel enquanto reguladora desses mesmos comportamentos.
Ao longo dos séculos, a Igreja sempre encontrou na estrutura familiar um reduto infalível para a conservação da sua doutrina. Substituindo-se aos doutrinadores pastorais os núcleos familiares foram os maiores repressores de comportamentos ditos modernos mantendo, deste modo, os dogmas e a ordem visada pela Igreja.
Trata-se de um problema puramente conceptual uma vez que a Igreja nao consegue destrinçar que o uso do preservativo e uma procriação responsável sejam duas faces da mesma moeda.
É precisamente devido a este aspecto que a Igreja se sente desconfortável, pelo facto de estarmos perante uma mudança de paradigma que distingue a sexualidade da reprodução. O uso do preservativo comporta uma profunda mudança radical de mentalidade em relação à esfera do sexo, da afectividade e da relação entre homem e mulher.
Não é de agora mas a Igreja sempre temeu a técnica porque ela representa uma mudança no modus vivendi da população.
Confinados ao seu pensamento retrógrado fomos nascendo sempre debaixo de uma poderosa maquina instigadora de coacção que nos foi reprimindo comportamentos, que quase nos fez acreditar que o nosso corpo era algo de pecaminoso, que nos disse que era preciso casar para se ser feliz, que mesmo que o nosso casamento fosse de fachada e perfeitamente infeliz o teriamos que aguentar porque "Deus" assim o desejava.
A Igreja criou alegorias de concepções imaculadas, tornou uma maçã simbolo de pecaminosidade, deixou bem patente no pecado original que Eva, enquanto representante das mulheres deveria optar por uma conduta celestial e ordeira sob pena de ser expulsa do paraíso. Estamos portanto a falar duma mulher concebida como um ser inferior ao homem, mulher que deve ser a sombra do seu marido, mulher que deve ser reduzida à sua função procriadora.
A Igreja teme uma mulher livre e autodeterminada pois ela será a chave para a decadência do seu modelo repressivo.
Para Bento XVI a separação entre sexualidade e casamento tornou-se uma espécie de mina errante, um problema e ao mesmo tempo um poder omnipresente. Ao render-se aos afectos e ao descobrir as potencialidades do seu corpo teremos uma sociedade regida pela consciência livre e singular.
Consigo compreender que a Igreja tenha uma faceta interventiva na sociedade espalhando a mensagem de Cristo, já não consigo conceber que se intitule portadora de verdades dogmáticas sobre causas contemporâneas.
A Igreja usou o nome de Cristo nas Cruzadas Cristãs com pressupostos expansionistas, tentou sempre silenciar correntes de pensamentos que pusessem em causa as suas regalias e é das instituições em que o seu líder mais opulência ostenta.
Não reconheço na palavra de Cristo nenhum salmo dedicado a tácticas militares, à condenação violenta do pensamento de outrem ou qualquer elogio ao dandismo.
Terá a Bíblia sido actualizada algures na Wikipedia com um artigo versando sobre o uso do preservativo?
Terá a Bíblia sido actualizada algures na Wikipedia com um artigo versando sobre o uso do preservativo?
Não terá Deus apenas ensinado os seres humanos a amarem-se respeitando sempre o próximo?
Mantendo este rumo a Igreja perderá todo o seu propósito. Se Deus está no meio de nós, não necessitaremos de intermediários de consciência.
Muito bem escrito! Pela vontade não do Senhor mas desses senhores ainda hoje estariamos a queimar livros, reprimir as mulheres, perseguir traidores e a dar os nossos rendimentos a uma Vaticano que na sua História nunca parou de precisar de mais ouro.
ResponderEliminarÉ feio brincar com a fé das pessoas... mais feio ainda deseduca-las em assuntos tão sérios como é o da Sida.
Shame on them!!!
meu burro, aquilo que o papa foi defender foi a coerencia que tem de ser mantida na igreja, se para uns se diz que o preservativo nao pode ser usado, para outros terá de ser o mesmo dito, pois como dizes Deus é para todos, e aquilo que é pretendido mudar é o pensamento sexual em relação aos homens, que nos ensine a manter dignidade e em no banalizar o acto de fazer amor. mas tu meu jovem demente, deves achar o sexo tao vulgar como comer e beber, é por causa de pessoas como tu e da geraçao criada em 1974 que os paneleiros querem casar. fecha este blog se tens vergonha, nao queiras ser um mau exemplo para os teus filhos.
ResponderEliminarPs: a sida nao se resolve com preservativos, resolve se com ensinar as pessoas que o amor so se faz quando se tem responsabilidade e condiçoes para o fazer.
É precisamente essa defesa da "coerencia" que está a afastar as pessoas das igrejas.
ResponderEliminarNão se trata de banalizar o acto sexual, trata-se de aproximar a igreja da realidade pois acto sexual não tem necessariamente que significar procriacao e o uso do preservativo é um imperativo de saúde publica que só uma instituição que revela um resistencia ao progresso pode condenar.
E sim..pertenco a geração pos-25 de abril..nao o vivi..mas agradeco a quem pugnou por ele um valor essencial: A liberdade
A liberdade de conseguir encaixar opinioes diferentes da minha, com a maior das educacoes, usando argumentos contrarios e sem recorrer ao insulto facil.
Pelos vistos não é o seu caso
Cumprimentos
e ps - Este blog manter-se-a aberto e terá o prazer de receber mais visitas suas