Não terá sido por falta de vontade que muitos não terão feito o mesmo que Marinho Pinto no Jornal Nacional de sexta.
Tem sido vergonhoso o tratamento noticioso dado ao caso Freeport.
Usar o efeito cumulativo para colar a suspeição em relação ao Primeiro Ministro, tentar fazer de um qualquer «José Sócrates é corrupto» ouvido numa gravação uma prova inequívoca, fazendo manchete como se os tribunais já tivessem corroborado as suas teses, misturando opinião pessoal com jornalismo factual.
Em jornalismo, em condições normais, os factos acedem naturalmente ao circuito mediático. Aquilo que está a ser feito na TVI é um jornalismo de investigação que tem um propósito claro e que, mesquinhamente, está a jogar com tempo politico.
Ao jornalismo compete a busca da verdade, o cruzamento de informações, o direito ao contraditório, pelo contrário, aquilo que tem sido feito no Jornal Nacional é uma autêntica «caça ao homem», um julgamento antecipado para a opinião pública, o lançar de suspeições que escondem dissidências pessoais entre as chefias da estação e o Primeiro Ministro.
TVI não faz notícias, instrumentaliza informação.
Obviamente Manuela Moura Guedes será das poucas, senão a única Jornalista deste país com possibilidade de fazer o que faz sem que isso tenha reflexos negativos na sua carreira. Afinal ser mulher do Director Geral da Estação (que por sinal partilha da mesma inimizade politica) dá o seu jeito.
Mal de quem, como Manuela Moura Guedes, se sinta num estado de imunidade e de superioridade em relação à sua própria classe profissional que leve a desrespeitar os princípios mais elementares do oficio.
Entrevistas tais como as que foram feitas a Marinho Pinto (Presidente da Ordem dos Advogados) e a Azeredo Lopes (Presidente da Entidade Reguladora da Comunicação) deixaram bem patente a falta de profissionalismo da pivot que não se imiscuiu de usar o seu espaço informativo para debater questões pontuais em que a sua própria figura tivesse sido posta em causa.
Um estilo acutilante nunca poderá servir de camuflagem ao atropelamento das suas responsabilidades éticas.
Aquilo que se passa na TVI não diz directamente respeito só a José Sócrates, mas a todos nós. A presunção de inocência até prova em contrário é um direito constitucional que não poderá ser posto em causa em praça pública, muito menos dissimulado de jornalismo que afinal serve caprichos pessoais.
Pelo bem do Estado Democrático deixemos de dar mais audiências a estes senhores.
O telecomando é a nossa maior arma. Façamos uso dele.
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