Ao que tudo indica o jogador luso irá ser jogador do Real Madrid.
Depois de no último defeso as abordagens do clube espanhol terem saido goradas parece agora inevitável a saída de Ronaldo de terras de sua Majestade.
Florentino Peres, de volta ao Real, parece novamente apostado em inflacionar o mercado de transferências futebolistico atendendo às cifras envolvidas nos negócios de Kaká (65M) e Cristiano Ronaldo (94M)
É de facto surreal que perante uma conjuntura desfavorável e uma crise financeira mundial alguem esteja disposto a despender de tais valores.
Não me espantaria que toda esta enorme operação financeira fosse co-suportada por grandes sectores de actividade espanhóis.
Para lá do valor pago por Ronaldo ser rapidamente amortizável através da exploração dos seus direitos desportivos e comerciais, o facto de se ter um dos melhores jogadores do mundo a actuar no país representa uma mais valia para os sectores ligados ao turismo, transportadoras, hotelaria e restauração. Se bem se lembram já no defeso 2008/2009 vimos a Audi a presentear Ronaldo com um dos seus últimos modelos para que viesse jogar no Real Madrid.
Há pois toda uma teia de relações económicas que gravitam paralelamente ao Futebol e que nele têm um interesse atendível.
Ronaldo não significa apenas Futebol mas também proventos económicos.
Mas aquilo que quero ressalvar com este artigo é a necessidade de regulamentação.
É um fenómeno relativamente recente, embora tenha tido maior incidência nos últimos anos. O futebol está a ser invadido por magnatas, muitos deles sem terem reconhecida qualquer credencial que os torne aptos a gerir clubes desportivos. O futebol tornou-se um desporto de investimento fácil, onde deixaram de ser necessárias valências cognitivas para que se possa gerir um clube. Basta a qualquer excêntrico mundial apresentar uma avultada soma financeira para tomar as rédeas de um clube de Futebol.
Aos jogadores exige-se uma formação futebolistica, aos treinadores o grau de treinador condescendente com o escalão em que milita, aos presidente apenas é exigido dinheiro.
É este falta de regulamentação que se está a tornar gritante no Futebol. Vemos o senhor Platini tão embrenhado em melhorar a arbitragem colocando um árbitro por cada cinco metros quadrados de relvado mas incapaz de enfrentar os fenómenos que estão a deitar o jogo por terra.
Deixar o Futebol nas mãos de pessoas que gerem clubes como se empresas fossem, é um erro gritante.
Deixar o poder nas mãos de Presidentes que dos jogadores pretendem fazer lucros e não boas equipas, que dos filiados querem fazer accionistas, que dos públicos querem fazer clientes e não adeptos é assinar a sentença de morte.
Uma morte lenta mas anunciada.
O Real Madrid e os seus adeptos já viveram a experiência de um periodo em que contavam no seu plantel como os nomes mais sonantes (Beckham, Zidane, Roberto Carlos, Ronaldo, Figo) e isso pouco foi traduzível em resultados desportivos.
Que Ronaldo tenha sorte mas que se lembre que na vida, tal como no Futebol, há coisas que o dinheiro não pode comprar.