"Moleque", "Cafajeste", "Ônibus", "Trem", "Banheiro" "Transar", "Malhação".
Poucos serão os Portugueses de Portugal (passo a redundância) que não entenderão estas expressões oriundas do Brasil.
Muitos destes termos têm-nos entrado em casa através dos ecrãs. Ao longo das últimas décadas temo-nos mostrado receptivos às novelas vindas do outro lado do Atlântico. Quase ser darmos por isso fomos adoptando e incorporando, no nosso vocabulário, as terminologias do país irmão.
No prime-time português as Chicas da Silva, os Roque Santeiro, as Rainhas da Sucata, os Donos do Gado tiveram lugar de destaque sobrepondo-se, quase sempre, à produção e aos intervenientes nacionais.
Quantas lições nos deram os Brasileiros..
O PROJAC, Hollywood brasileiro, tornou-se mais do que um projecto cultural e empresarial, um projecto linguístico. Portugal tem vindo a perder mais um comboio, desta vez o da língua portuguesa.
Com a profusão das novelas brasileiras nas televisões portuguesas fomos adoptando o modus vivendi, as expressões, fomo-nos familiarizando com o "star system" brasileiro, legitimando a sua cultura e criando terreno arável para que mais e mais produções brasileiras irrompessem, todos os dias, pelas nossas casas adentro.
Inadvertidamente, o Português falado no Brasil tornou-se o maior motor da língua portuguesa, o ponto de referência. Isto ao ponto de o Português lusitano ser rejeitado e mesmo incompreendido no Brasil.
Para a maioria dos estrangeiros, falar em Português remete imediatamente para o Brasil e se lhes pedirmos para proferirem algo na nosso língua, a probabilidade de ouvirmos um português melodioso de vogais abertas é elevadíssima.
Ao contrário dos nossos amigos Brasileiros, dificilmente conseguimos levar a que uma produção portuguesa tenha aceitação em terras de Vera Cruz, resta-nos exportar alguns actores e fazer co-produções como tem sido prática corrente das produtoras nacionais.
Aquilo que nos separa do Brasil é a mundividência, a projecção para o futuro. Enquanto que o Brasil reinventou a língua e recriou-se através da língua, criando neologismos, suprindo entraves de sintaxe e gramática, tornou a língua mais oral e garantiu a componente apelativa essencial para que ela fosse apreendida. O Brasil criou mitos globais em todas as áreas, na música, no teatro, na moda, no desporto. Exportou uma imagem de um país de sorriso fácil e de energia vibrante.
Pelo contrário, Portugal encarcerou-se nos pilares e fantasmas Salazaristas: Fado, Futebol e Fátima.
O país reduziu-se à memória de si mesmo. Literatura foi reduzida a Camões, Pessoa, Eça e pouco mais. O choro da guitarra portuguesa, adornado pelos choros e lamúrias fadistas, tornou-se o nosso único marco musical. Aos vindouros, como motivo de orgulho, só temos a dizer que temos Sol todo o ano e um Cristiano Ronaldo que faz a cabeça em água aos defesas contrários.
Muitos afirmam que o facto do Português do Brasil estar a ganhar terreno em relação ao Português de Portugal se deve a razões mercadológicas. Afinal porquê produzir para 10 milhões quando se pode produzir para 186 milhões de Brasileiros? (Census de 2006)
Quem quer que responda nestes termos deve ser português e deve ter culpas no cartório. O Espanhol (Castelhano) continua a ser rei apesar de só ter 44 milhões de falantes em Espanha contrastando com os cerca de 280 milhões espalhados pelo globo.
O que está em causa são medidas de proteccionismo, uma consciência da língua enquanto património.
O novo acordo ortográfico, previsto para 2008, é o coroar da irreversibilidade do predominância do Brasil sobre Portugal. Com este novo acordo a língua portuguesa aproxima-se à do Brasil. "Acção" passar-se-á a escrever "Ação", "Vêem" passará a ser "Veem", o hifen cai na maior parte das expressões e o alfabeto passa a ter 26 letras com a inclusão do K,W,Y.
O Português terá novamente uma projecção internacional digna da sexta língua mais falada no Mundo.
Obrigado aos amigos Brasileiros pois o mérito é inteiramente vosso.
Como vivemos da memória, vão rezar os livros que fomos nós a levar o Português ao Brasil mas nas Wikis e Enciclopédias Digitais virá assente que foi o Brasil que levou o Português ao Mundo.
Mais um grande problema em análise Sr.Pinto.
ResponderEliminarO que os Brasileiros estão a fazer é simplesmente lutar pela sua cultura. Logo, os culpados não são os brasileirõs mas sim a classe diregente portuguesa que nunca se importou com esta questão da preponderância do português de Portugal.
E basta olhar para o que tem feito a nossa ministra da cultura, Isabel Pires de Lima, para ver o marasmo em que está a língua e cultura portuguesa.
Os brasileiros só mostram, mais uma vez, a sua inteligência na defesa da sua pujante cultura. Em termos culturais, eles estão 500 anos à nossa frente.
apesar de ser brasileira e descordar do acordo, parabenizo-o pelo excelente texto. para mim, que moro em Portugal, foi uma visão muito objetiva, clara e direta de Portugal hoje, sem ocultismos e fugas nacionalistas
ResponderEliminarolá sou brasileiro e concordo com o q você disse.
ResponderEliminara pricipio descordava do acordo,pois acreditava que o Brasil deveria ter sua lingua separada,mas vejo q sera uma boa forma de unir Brasil e Portugal(ao menos na escrita) o q dara uma maior força a lingua portuguesa ou brasileira
É claro que tem se notado uma revolução enorme da Lingua Portuguesa falada em Brasil, visto que em muitos dos textos que buscamos pela Internet são oriundos do Brasil e que em muitos os computadores a operação em feita em PT do Brasil.
ResponderEliminaristo é mais um sinal de que o Brasil está a evoluir e tem a vontade de fazer conhecida a sua cultura, parabenizo. mas...