sexta-feira, 25 de abril de 2008

PSD: Laranja Amarga


Da nomenclatura Partido Social DEMOcrata só se salvará mesmo o DEMO. É que no principal partido da oposição têm acontecido coisas que nem ao Diabo lembrariam.

Penso que não haverá discordância caso diga que a crise no PSD terá o seu marco cronológico na assunção, por parte de Durão Barroso, do cargo de Presidente da Comissão Europeia.

Depois de dois mandatos de Guterrismo, com a consequente corrosão política uma governação prolongada acarreta o PSD deveria ter aproveitado "o pântano" para emergir politicamente e sedimentar o seu estatuto de principal partido.

Melhor conjuntura não haveria certamente.

As bases do Partido Socialista, aqueles que foram os pilares do Guterrismo encontravam-se, passo a expressão, envoltos no lodo. Figuras socialistas proeminentes como Jorge Coelho, Maria de Belém, Maria Manuel Carrilho e o próprio José Sócrates enfrentavam um descrédito político que só um afastamento temporário ou renovação partidária são capazes de sarar.

Uma vez mais o Partido Social Democrata errou, errou devido a um problema que poderemos apelidar de congénito.

Desde a sua fundação o PSD sempre viveu de líderes carismáticos e não de uma base programática sólida e sustentada, as ditas "bandeiras de campanha". Fazendo uma analogia com o Futebol a blindagem de um líder do PSD esteve sempre umbilicalmente ligada aos seus desempenhos nas urnas. E sem vitórias, meus amigos, não há figura que se sustente por muito tempo.

Saido Durão Barroso o PSD optou por um líder mediático, arrisco, populista. A governação de Santana Lopes foi um reflexo de si mesmo, Santanalopocêntrica, nascisistisca até mais não. A Santana terá certamente faltado ler a Arte da Guerra de Sun Tzu, uma autêntica Bíblia na arte de bem guerrear. Ao centrar a política partidária na sua pessoa foi escudo humano para todas as farpas que se lhe apontavam. Acabou por se esfumar com a mesma receita com que se elevou políticamente: mediatismo e política brejeira.

Afinal como diz Sun Tzu "Ir à caça sem um guia é perder o dia".

O fosso que se cavou no seio do PSD após a dissolução da Assembleia, por parte do Presidente da República Jorge Sampaio, foi grande demais para que fosse o nanismo Marques Mendiano a conseguir tapá-lo.

Uma vez mais foram depositadas esperanças num líder mobilizador e relegou-se a componente programática para segundo plano. Marques Mendes foi apenas transitório, foi carne para o assadouro, o curativo até o sarar de feridas mais profundas.

Confesso que julguei que a liderança de Luís Filipe Menezes fosse o elixir de juvialidade que faltava ao Partido Social Democrata mas, uma vez mais, as querelas fracticidas internas no principal partido da oposição minaram qualquer possibilidade de isso acontecer. Não foi preciso bomba para que o líder do partido abandonasse as funções mas a notícia terá certamente caído que nem uma bomba.

Como que um barco à deriva o PSD fica novamente à mercê das figuras mais populistas uma vez que 2009 e as legislativas se aproximam a passos largos. Mais do que um líder no PSD urge encontrar um peso pesado para fazer face a um José Sócrates que já deve ter desaprendido o significado da expressão "oposição".

Rematando sobre a situação de convulsão no PSD e parafraseando novamente Sun Tzu, quando nos conhecemos a nós e ao inimigo as probabilidades de vencer são grandes, quando só nos conhecemos a nós e não o inimigo as nossas possibilidades de sucesso cifram-se nos 50%, quando nem nos conhecemos a nós nem ao inimigo a derrota é o cenário mais provável.

E os piores inimigos do PSD estão entre portas..


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