Indonésia, Banda Aceh. Em 2004, ainda em plena quadra natalícia, fomos assolados por uma tragédia de dimensões monstruosas.
Uma deslocação anormal de placas tectónicas no Oceano Índico originou um maremoto que, com a força das águas e o arrastar de sedimentos, se viria a revelar uma das mais mortíferas tragédias naturais da história.
A onda gigante atingiu sete países. As vítimas directas ascenderam a mais de 200 mil. Mais de 70 mil pessoas desapareceram. O avultado número de vítimas, apesar das dimensões assombrosas do desastre natural, só pode ser interpretado à luz das precárias condições de vida das populações do Sri Lanka, Indonésia, Tailândia, Malásia e Bangladesh, entre outros.
Falamos de países terceiro mundistas, com habitações amontoadas, sem fundações nem estruturas sólidas e geralmente feitas com materiais abundantes na região: bambu, argila, madeira, chapas de zinco. Só com habitações deste género poderemos explicar o autêntico varrimento ocorrido e a maximização dos efeitos da catástrofe.
Em Fevereiro de 2008 a região de Lisboa não vivenciou a hecatombe de um tsunami mas umas meras horas de chuva foram o suficiente para deixar a região num estado de sítio.
Como foi referido em cima, as consequências de um qualquer incidente têm de ser devidamente contextualizadas.
Vamos por partes.
Como explicar então as repercussões trágicas que algumas horas de chuva tiveram na região de Lisboa?
Uma breve leitura dos dados sobre os recursos hidridicos nacionais agudizam esta questão.
Em Lisboa, em Outubro de 2007 choveu quase um décimo do que é normal. Em Novembro apenas 60% do normal. Em Dezembro menos 58%. Em Janeiro de 2008 a pluviosidade esteve a 20% do número médio normal. Só neste mês de Fevereiro é que encontramos valores que quase dobram os valores médios de chuva nessa região.
O estado calamitoso em que uma cidade como a de Lisboa ficou após um incremento da pluviosidade apenas pode ser explicado pela gritante falta de planeamento urbano e de ordenamento do território.
Numa cidade em que, pelo menos há mais de meio ano, nem de perto, chove o mínimo razoável só pelas condições deficitárias de escoamento e drenagem de águas, limpeza subterrânea e má ordenação do território urbano poderemos justificar a inundação de habitações, lojas, estradas e aluimentos de terras.
É de facto gritante o planeamento urbano da cidade de Lisboa e ainda se afigura pior nas regiões circundantes, chamadas cidades dormitório.
Apartamentos degradados que se amontoam ainda sem arruamentos e estruturas básicas construídas ou se as há, encontram-se em manifesta degradação.
À Lisboa que se mostra nos postais contrapõe-se uma outra suja, degradada, precária. Autênticos focos de marginalização urbana e social. Esquecidos e abandonados.
Infelizmente após as cheias, como já vem sendo habitual, ao invés de se assumirem culpas verificou-se mais um "jogo da batata quente" entre Governo e Munícipes sobre as responsabilidades na falta de limpeza dos recursos hídricos.
Não nos interessa de quem é a culpa, o que sabemos é que o poder político anda a meter muita água, muita mesmo.
Uma deslocação anormal de placas tectónicas no Oceano Índico originou um maremoto que, com a força das águas e o arrastar de sedimentos, se viria a revelar uma das mais mortíferas tragédias naturais da história.
A onda gigante atingiu sete países. As vítimas directas ascenderam a mais de 200 mil. Mais de 70 mil pessoas desapareceram. O avultado número de vítimas, apesar das dimensões assombrosas do desastre natural, só pode ser interpretado à luz das precárias condições de vida das populações do Sri Lanka, Indonésia, Tailândia, Malásia e Bangladesh, entre outros.
Falamos de países terceiro mundistas, com habitações amontoadas, sem fundações nem estruturas sólidas e geralmente feitas com materiais abundantes na região: bambu, argila, madeira, chapas de zinco. Só com habitações deste género poderemos explicar o autêntico varrimento ocorrido e a maximização dos efeitos da catástrofe.
Em Fevereiro de 2008 a região de Lisboa não vivenciou a hecatombe de um tsunami mas umas meras horas de chuva foram o suficiente para deixar a região num estado de sítio.
Como foi referido em cima, as consequências de um qualquer incidente têm de ser devidamente contextualizadas.
Vamos por partes.
Portugal viveu dois anos consecutivos um clima de rarefacção da pluviosidade o que se repercute em secas severas e extremas, ou seja, não tem chuvido o suficiente.
Como explicar então as repercussões trágicas que algumas horas de chuva tiveram na região de Lisboa?
Uma breve leitura dos dados sobre os recursos hidridicos nacionais agudizam esta questão.
Em Lisboa, em Outubro de 2007 choveu quase um décimo do que é normal. Em Novembro apenas 60% do normal. Em Dezembro menos 58%. Em Janeiro de 2008 a pluviosidade esteve a 20% do número médio normal. Só neste mês de Fevereiro é que encontramos valores que quase dobram os valores médios de chuva nessa região.
O estado calamitoso em que uma cidade como a de Lisboa ficou após um incremento da pluviosidade apenas pode ser explicado pela gritante falta de planeamento urbano e de ordenamento do território.
Numa cidade em que, pelo menos há mais de meio ano, nem de perto, chove o mínimo razoável só pelas condições deficitárias de escoamento e drenagem de águas, limpeza subterrânea e má ordenação do território urbano poderemos justificar a inundação de habitações, lojas, estradas e aluimentos de terras.
É de facto gritante o planeamento urbano da cidade de Lisboa e ainda se afigura pior nas regiões circundantes, chamadas cidades dormitório.
Apartamentos degradados que se amontoam ainda sem arruamentos e estruturas básicas construídas ou se as há, encontram-se em manifesta degradação.
À Lisboa que se mostra nos postais contrapõe-se uma outra suja, degradada, precária. Autênticos focos de marginalização urbana e social. Esquecidos e abandonados.
Infelizmente após as cheias, como já vem sendo habitual, ao invés de se assumirem culpas verificou-se mais um "jogo da batata quente" entre Governo e Munícipes sobre as responsabilidades na falta de limpeza dos recursos hídricos.
Não nos interessa de quem é a culpa, o que sabemos é que o poder político anda a meter muita água, muita mesmo.
Excelente artigo, pequeno mas com toda a informação técnica necessária para compreender-mos a extensão do problema. Pena é que de todos comentadores na televisão na imprensa na internet, não tenham feito uma analise tão clara do problema, como por exemplo a questão de as regiões mais afectadas serem cidades dormitório onde habita principalmente pessoas de classe média e onde a construção desenfreada, por motivos monetários, coloque este tipo de situações desagradáveis. Maior parte destas questões nem sequer foi referenciada pelos chamados "opinion makers" o que significa que não fizeram pesquisa nenhuma nem fizeram uma reflexão séria . Sinceramente! São pagos a peso de ouro e um rapaz de 20 anos que trabalha á borla, com um computador na frente consegue informar mais em 4 parágrafos que toda a comunicação social. Para terminar tenho só a dizer que estive acordado na madrugada desse dia e o jornal das 5:00 da manhã da sic noticias abriu com um naufrágio, sem vítimas, na Nova Zelândia Pergunto-me se este fim do mundo que assolou Lisboa não seria mais relevante, para nós, que o naufrágio na Nova Zelândia? Relembro que às seis da manhã, uma hora e um quarto antes de duas raparigas morrerem numa ribeira em Belas, a Sic Notícias falava nas eleições no Paquistão. Ninguém avisou ninguém. Nem rádios nem jornais.
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