«É uma liga sem interesse (..) Mesmo que o FC Porto perca pontos, pelo que se tem visto, Benfica e Sporting vão perder mais».
Estas foram as declarações de Manuel José, treinador do Al-Ahly, à chegada a Lisboa para um período de férias no início de Janeiro.
Apesar de arrebatador de troféus no Egipto não se reconhece a Manuel José nenhum poder premunitório. De facto perante a realidade da liga portuguesa não são necessários quaiquer dotes metafísicos para adivinhar o seu desfecho.
Tem sido um filme muito visto. Muito Porto para pouco Benfica e Sporting.
Mas perante uma metragem cada vez mais longa, realizadores de águias e leões insistem nas cenas que estão condenadas ao insucesso.
A um Futebol Clube do Porto de estrutura consolidada opõem-se os dois de Lisboa cada vez mais à deriva.
O mais estranho desta Liga é que o Porto limita-se a jogar o "quanto baste" para fazer face ao constante perdulário pontual de Benfica e Sporting. Trata-se de uma hegemonia de uma gestão quase irrepreensível que se vai repercutindo nos relvados.
Há anos, arriscava mesmo décadas, que o Futebol Clube do Porto ganha campeonatos não em campo mas no escritório, gerindo a estrutura do futebol, mantendo a estabilidade dos quadros e a filosofia do clube intacta. Pelo contrário Benfica e Sporting denotam graves lacunas, insistindo numa gestão a curto prazo, mudando de treinador ao sabor dos resultados, contratando remessas de jogadores de qualidade duvidosa.
A época 2007/2008 é apenas um exemplo dessa incapacidade dos grandes de Lisboa denotando a micro visão do planeamento desportivo.
Enquanto que o Futebol Clube do Porto cria os fundamentos para a época que se avizinha renovando com Quaresma, Raúl Meireles e com outros jogadores basilares, Benfica e Sporting são recorrentes na contratação de "tapa-buracos", jogadores que vêm para remendar insuficiências e que raramente se conseguem afirmar em tempo útil.
Um exemplo gritante daquilo a que chamo gestão danosa é o caso concreto de Bergessio um jogador comprado pelo Benfica em Junho por 4 milhões de euros, que fez no máximo três jogos pelo Benfica e que é vendido, sete meses depois, por menos de 2 milhões de euros.
Pior do que as exibições dos grandes de Lisboa começa a ser dramático o sentimento de impunidade que transparece dos dirigentes, treinadores, jogadores e o discurso quase conformista para com os maus resultados.
Inoperância, incapacidade ou conformação?
Não admira que o Porto tenha sucesso na Europa, não tem que suar em Portugal para ser primeiro.
Como vem a ser dito nos meandro do Futebol, qualquer dia o Porto começa a jogar apenas na segunda volta do campeonato.
Sem comentários:
Enviar um comentário
A sua opinião conta. Faça-se ouvir enviando um comentário