Olhando para aquilo que tem sido a sua campanha, ou o socialista ainda não consegue destrinçar os papéis que cumpriu (Ministro) e que está a cumprir (Candidato) ou então as suas propostas não passam da mais pura demagogia política.
Parece-me clara a manobra política por parte do Governo ao abrir um precedente para nova discussão sobre a localização do novo Aeroporto. É preciso fazer um grande esforço mental para recordar uma questão estrutural em que o Governo tenha recuado. Acontece que uma insistência irredutível na OTA prejudicaria a popularidade do Governo e do candidato Socialista.
A decisão da OTA fica adiada por seis meses e estuda-se a hipótese de construir um novo aeroporto mantendo o Aeroporto da Portela activo, aquilo que se tem apelidado de "Portela + 1".
A segunda demagogia foi protagonizada por Ana Sara Brito, a terceira da lista do PS às intercalares de Lisboa.
Num debate promovido pela ILGA (International Lesbian and Gay Association) a socialista disse que a candidatura de António Costa está a aberta à realização de casamentos civis entre homossexuais.
«O direito dos homossexuais ao casamento é um direito que nós defendemos»
Ana Sara Brito defendeu igualmente que os casamentos se deveriam realizar no Salão Nobre da Câmara e que os noivos poderiam casar numa cerimónia como os casamentos de Santo António. «Esta é a opinião da equipa liderada por António Costa» rematou.
O meu ponto de discórdia não se prende com qualquer preconceito homofóbico. Apenas com o facto desta medida não ser exequível.
Primeiro é pura demagogia tratar a questão do casamento entre homossexuais como uma questão local, apenas de interesse dos Lisboetas e não como uma questão nacional. O outro ponto prende-se com a capacidade de colocar este designo politico em marcha.
Para que sejam possíveis casamentos entre homossexuais esta medida terá obrigatoriamente que passar pelo Parlamento e Tribunal Constitucional, nunca poderia ser uma questão camarária.
António Costa foi protagonista de uma iniciativa de sensibilização inédita no inicio dos anos 90, na qual através de uma corrida entre um Burro e um Ferrari (que o Burro acabaria por vencer) demonstrou o trânsito caótico na Calçada de Carriche.
Na campanha para as intercalares de Lisboa as ideias urgem.