terça-feira, 26 de agosto de 2008

Música Portuguesa: Replay



Oiça, compare e descubra as músicas originais que Tony Carreira, D'ZRT e 4 Taste copiaram

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O Padrinho

No Futebol tal como na vida dá jeito ter um padrinho.

Scolari sempre primou por deixar bem patente o porquê do cognome “Sargentão” marcando posições de força, mostrando ser um treinador ávido por criar conflitos antes de cada competição afastando nomes sonantes das suas convocatórias.

Em 2002 deixou Romário de fora do Mundial Coreia-Japão, em 2004, já ao serviço de Portugal, afastou Vítor Baia, em 2008 não convocou Maniche.
Ao longo dos anos em que esteve em Portugal Scolari demonstrou que privilegiaria sempre a coesão do grupo.

Enquanto treinador criou o conceito de “Família Scolari”, uma autêntica blindagem do colectivo, que quase sempre prejudicou jogadores em melhor forma e que trariam outras soluções à equipa das Quinas. No gráfico abaixo poderá ver a evolução das convocatórias de Scolari ao longo das 3 competições que disputou (Euro 2004, Mundial 2006 e Euro 2008)

(Clique na imagem para aumentar)


Scolari convocou 25 jogadores para o Euro 2004 disputado em Portugal. Dois anos mais tarde, no Mundial da Alemanha o seleccionador nacional chamou 23 jogadores, 19 deles tinham estado no Europeu disputado em terras lusas e seriam certamente 20 caso Jorge Andrade não se tivesse lesionado com gravidade.

No espaço de dois anos (entre 2004 e 2006) Scolari não abriu as portas do seu balneário a nenhum talento que estivesse a despontar. Selou a selecção portuguesa a um grupo que detinha a sua restrita confiança.


Bastaria aos jogadores convocados reforçarem o espírito de grupo, integrarem a sua família, serem ordeiros e cumprirem objectivos mínimos para não mais abandonarem o grupo. Iniciou-se uma época de lugares cativos na selecção, de “vacas sagradas” pelo que qualquer jogador independentemente da sua condição física seria chamado por Scolari.

E são muitos os exemplos que se podem referir que demonstram a obsessão de Scolari pela manutenção do grupo. As constantes chamadas de Hélder Postiga mesmo tendo este estado parado a maior parte da época, a convocação de Costinha para o Mundial 2006 apesar do mesmo estar sem clube e em condição física duvidosa, a manutenção constante de Nuno Gomes sem olhar ao seu rendimento desportivo e físico no clube de proveniência e finalmente o autêntico braço de ferro travado para a defesa do guarda-redes Ricardo.


Este é porventura o exemplo mais flagrante da intransigência de Scolari. Ricardo tornou-se um autêntico afilhado do treinador brasileiro que o defendeu com unhas e dentes defendendo muitas vezes o indefensável.


Os anos mais recentes da carreira de Ricardo, entre Sporting, Selecção Nacional e Bétis de Sevilha demonstraram que estamos a falar de um atleta emocionalmente instável. Paulo Bento afastou-o da baliza do Sporting durante largas jornadas por esse mesmo motivo, na selecção provou que nos momentos cruciais falha, o treinador do Bétis de Sevilha relegou-o para o banco após, no início de época, o ter contratado para titular da equipa.

A um guarda-redes pede-se estofo mental e sangue frio qualidades que Ricardo decididamente não possui.


Ricardo falhou na final de 2004, frente à Grécia, num lance em que se esconde por detrás de um jogador ao invés de tentar destemidamente socar a bola e voltou a repetir o mesmo erro perante a Alemanha no Euro 2008. Uma equipa nacional tão aguerrida não merecia um guarda-redes tão displicente na abordagem às jogadas.

Scolari por este motivo e pelo modo como comunicou o abandono da selecção nacional saiu pela porta pequena e com ele caiu um mito chamado Ricardo.

A selecção parte em direcção ao Mundial 2010 com Carlos Queirós finalmente com um sentimento de instauração de critérios meritórios para as convocatórias.

Afinal como o novo seleccionador diz «A Selecção não é um espectáculo com lugares marcados»

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Jogos Sem Fronteiras

A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos 2008 foi avassaladora.

No fundo ela pode ser considerada sinédoque daquilo que é a China: gigante, rigorosa, metódica, sincronizada, tradicional e militarizada.

A cerimónia, na minha opinião, candidata a evento do século foi uma demonstração do poderio organizacional do país do oriente, um refinado reavivar das origens e tradições chinesas que passaram pela invenção do papel, aos trajes típicos até às artes marciais.

Não foi propriamente um evento de exaltação do espirito olimpico e desportivo mas sim uma demonstração de força para todo o mundo ocidental.

Foi ver uma China a uma só voz, de extensos milhares de cidadãos anónimos numa sincronia desconcertante em prol de um só objectivo entensivel áquilo que é o país no domínio laboral.

Segundo uma visão pró-ocidental muitos advogam que os Jogos Olímpicos serão um momento crucial para a abertura de fronteiras da China, para que a sua população se consciencialize de que é explorada e que vive muito abaixo dos padrões de qualidade de vida do ocidente, que o constactar desse facto leve essas multidões a criarem uma rebelião contra o Estado que arruine a coexistência de uma economia de mercado com uma organização laborial feudo-esclavagista.

Obviamente que nenhum destes aspectos foi olvidado pela meticulosa organização chinesa. O rol de restrições é imenso, os hotéis são passados a pente fino, a circulação em zonas populacionais é restricta, a própria comida levada pelo staff dos atletas é confiscada, não se pode fotografar um sem número de locais e até mesmo os desportistas são submetidos a um apertado código restrictivo que inclui estarem proibidos de treinar em locais privados. Treinos só nas instalações criadas propositadamente para o efeito.

Um controlo governamental musculado e implacável a fim de evitar o contágio democrático.

Depois de uma grande tensão internacional depois dos incidentes ocorridos no Tibete a realização destas Olimpiadas demonstra também alguma subserviência da comunidade internacional para com a China. Depois das criticas de amnistia internacional, dos relatos de práticas bárbaras, de detenções de contornos dúbios e mesmo de tortura por parte das autoridades chinesas qualquer país que não tivesse um peso económico tão significativo seria alvo de embargos e de punições. Aos Jogos Olímpicos de 2008 não foi colocada nenhuma barreira, apenas se verificaram alguns "raspanetes" politicamente correctos de líderes mundiais.

Já se falou do plano político, do plano económico, falta no fundo aquele que é naturalmente a razão de ser de um Jogos Olímpicos: o desportivo.

Demonstrar a superioridade física perante as outras nações, sobretudo em relação aos Estados Unidos será o objectivo maior desta competição.

Afinal a China nunca dá o peixe, ensina sempre a pescar.