domingo, 22 de julho de 2007

SOS: Planeta Terra


Há muito que se sabe que o planeta está doente.


Os climas alteram-se, as amplitudes térmicas aumentam, os Verões provocam secas intensas, os inversos trazem enxurradas que varrem tudo à sua passagem. Furações, tsunamis, tremores de terra todos estes sintomas não auguram nada de bom se tudo continuar como até agora.


Em 1997, a cidade de Quioto no Japão receberia os líderes dos países mais industrializados para negociações visando uma redução nas emissões de gases com efeito de estufa. Ratificado a 15 de Março de 1999 o tratado exigia aos signatários uma redução de emissões de pelo menos 5,2% (relativamente aos valores registados em 1990) até 2012. O protocolo incentivava igualmente os países a reformarem os sectores da energia e dos transportes, a optarem por energias renováveis e a limitarem as emissões de metano.


Entre os Países mais industrializados apenas Austrália e Estados Unidos da América rejeitaram o protocolo.


George W. Bush chegou mesmo a acusar o tratado de ser "desleal e inútil" porque deixava de fora 80 por cento do mundo e porque "causava sérios prejuízos à
economia norte-americana".


De acordo com relatórios da OCDE os países mais industrializados são responsáveis por 90% da produção de resíduos entre os quais se contabilizam dois mil milhões de toneladas de resíduos nocivos (tóxicos e nucleares).


Segundo Inacio Ramonet (Guerras do Século XXI), em 2010, a cobertura florestal poderá ter diminuído 40% relativamente aos valores de 1990. Em 2040, a
acumulação de gases de efeito de estufa pode originar um aquecimento de 1ºC ou 2ºC de temperatura média do planeta e uma subida de 0,2 metros a 1,5 metros do nível das águas dos oceanos.


E para aqueles que ainda não se consciencializaram do dramatismo da situação em
que o planeta se encontra devem fixar estes números:


- 6 milhões de hectares de terras aráveis desaparecem todos os anos

- Nos últimos dez anos, 14 milhões de quilómetros quadrados (trinta vezes a superfície de Espanha) transformaram-se em desertos

- Todos os anos 6 mil espécies animais são erradicadas do planeta

- As reservas de água per capita entre 1960 e 1989 passaram de 3430m3 para 667m3

- Um litro de água é já mais caro do que um litro de combustível



Em 2007, aquando da reunião do G8, a mesma administração Bush que, durante dois mandatos, desrespeitou o tratado de Quioto
defendeu a adopção de um plano de longo prazo no qual os quinze maiores emissores de poluentes do mundo, liderados pelos EUA, China e Índia, realizariam reduções nas emissões de CO2.


O plano de Bush para liderar o movimento de luta pelo ambiente mereceu duras críticas por parte de Stavros Dimas, Comissário para o Meio Ambiente «A declaração proferida pelo presidente Bush repete basicamente a linha clássica norte-americana a respeito das mudanças climáticas - nada de reduções obrigatórias e objectivos vagos.»


A militância contra os efeitos nefastos que o homem tem produzido na natureza ganhou novo alento com um americano. O seu nome é Al Gore e trata-se de um dos maiores exemplos contemporâneos daquilo que deve ser a cidadania activa.


Num próximo artigo analisarei a figura do ex-vice Presidente americano bem como o seu filme "Uma Verdade Inconveniente" que retrata as alterações climáticas.


Ross P. Keetle www.dorkinglabs.com


Artigos Relacionados:

Al Gore: Uma Vitória Inconveniente


sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sub-20: Porta do Fundo


Uma vez mais uma equipa nacional portuguesa deixa a marca da sua selvajaria numa competição internacional.



Desta vez foram os Sub-20 que, no Mundial que se disputa no Canadá, foram um exemplo (a não imitar) daquilo que não deve ser o Futebol.


Mais uma vez veio à tona a mesquinha mentalidade portuguesa. Tido como favorito perante um grupo acessível - Nova Zelândia, México e Zâmbia - Portugal nunca mostrou as suas credenciais. Nunca houve colectivo, nunca houve esquema táctico sustentado, nunca houve interligação entre sectores, em suma, foi sempre uma equipa à deriva.


Mas, não é pelo insucesso desportivo que esta
Selecção merece um total repúdio, é pois pela conduta anti desportiva que evidenciou durante toda a competição.


Começou com o jogo contra o México no qual Pelé teve uma entrada violentíssima sobre um colega de profissão, passível de o lesionar.



Agora, nos oitavos-de-final, Mano agrediu um adversário e Zequinha, na tentativa de retirar o cartão vermelho do bolso do árbitro foi igualmente expulso. Perante a enorme massa de emigrantes portugueses que encheu os estádios, o mínimo que se pedia a esta equipa era hombridade.


Portugal manchou, uma vez mais, a sua reputação, demonstrou a falta de carácter dos seus atletas que evidenciaram, uma vez mais, não saber lidar com o insucesso desportivo
.


Culpas para estas pseudo-estrelas, para o pulso fraco de um treinador (José Couceiro) que já no Futebol Clube do Porto não soube lidar com os problemas de indisciplina e para os órgãos de comunicação que tendem a idolatrar meninos que não têm créditos firmados, nem nas selecções, nem nos clubes.




Acontece que casos de indisciplina não têm sido acontecimentos isolados nas Selecções Nacionais.


Não é necessário recuar muitos anos para nos lembrarmos dos empurrões dos jogadores lusos ao árbitro do Portugal - França do Euro 2000 (Europeu Bélgica/Holanda).




No Mundial 2002 (Coreia/Japão) João Vieira Pinto agrediu o árbitro argentino Ángel Sánchez o que lhe valeu uma suspensão da prática desportiva durante 6 meses.



Mais recentemente os Sub-21, num playoff de acesso ao Europeu da categoria, após a vitória sobre França, os jogadores portugueses vandalizaram o balneários do Estádio Gabriel-Montpied, em Clermont-Ferrand.


Apesar de Hermínio Loureiro ter condenado os incidentes, foi vergonhoso ver o jogador Tiago justificar os danos pelo facto de o tecto «ser muito baixo».



Esperemos que a mão da Federação Portuguesa de Futebol seja pesada e que estes meninos passem a ter mais respeito pela camisola que envergam, pois é o prestigio do país que colocam em causa.



terça-feira, 10 de julho de 2007

6 Maravilhas + 1


Muralha da China (China), Taj Mahal (Índia), Petra (Jordânia) Machu Picchu (Perú), Chichén Itzá (México), Cristo Redentor (Brasil), Coliseu de Roma (Itália) são as novas 7 Maravilhas do Mundo.


Apesar da divulgação mediática que o evento e a Declaração das novas 7 maravilhas teve as suas repercussões serão maioritariamente económicas e políticas e não propriamente sociológicas e civilizacionais.


A vantagem de se democratizar o processo de votação, permitindo um sufrágio à escala global com cerca de 100 milhões de votos, levou a uma perda de objectividade na votação dado que critérios subjectivos (proximidade geográfica, consonância ideológica) se sobrepusessem a critérios objectivos (valor patrimonial, valor histórico).


Para os que duvidavam que a geopolítica iria influenciar a decisão basta atentar no facto que, à excepção da Índia, que tem uma clivagem com o Paquistão, nenhum dos países votados (Brasil, Peru, México, Jordânia, Itália, China) é um país marcadamente bélico e despoletador de conflitos.


Por outro lado, países que têm tido um papel activo na política internacional no que respeita a conflitos militares (Estados Unidos, Inglaterra e França) viram os seus monumentos (Estátua da Liberdade, Stonehenge e Torre Eiffel, respectivamente) serem afastados dos 7 mais votados.


Por entre as novas 7 maravilhas há claramente uma que destoa por pertencer à época moderna e, por isso, ser duvidável o seu valor de historicidade; falo pois no Cristo redentor, um monumento situado no morro do Corcovado, inaugurado apenas em 1931.


Não querendo colocar o seu valor estético nem o seu simbolismo em causa, estes parecem escassos quando comparados, por exemplo, com as Pirâmides de
Gizé, berço de uma civilização milenar, símbolo de uma construção Faraónica, edificada sem o auxilio de maquinaria pesada, apenas com o labor escravo e técnicas arcaicas.



Estranho também, pelo menos para mim, foi que, na primeira votação verdadeiramente global, o berço da democracia tivesse sido preterido: a Acrópole Grega.


Numa votação que irá, concerteza, aumentar o fluxo turístico para os países vencedores, as três economias mais pujantes do momento (Brasil, Índia e China) viram os seus monumentos figurarem no pódio.


Uma só nota negativa para a organização do evento que se realizou no Estádio da Luz. Perante notícias veiculadas nos órgãos de informação, que davam conta de que, pela simbologia da data (07/07/07) esta seria aliciante para que organizações terroristas perpetrassem um atentado, as autoridades reagiram com uma total permissividade. Na entrada para o Estádio poucas foram as revistas feitas, detector de metais nem vê-los, apenas a presença de polícia de choque como medida de resposta, não como prevenção.


Perante a presença de um corpo diplomático tão vasto e figuras tão mediáticas Portugal não pode continuar a apostar na sorte e a confiar que, por ser um país de brandos costumes, à beira mar plantado, é imune a este tipo de fenómenos.