quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mário Lino: Deserto de Ideias


"A Margem Sul é um deserto. Na Margem Sul não há cidades, não há gente, não há hospitais, nem hotéis nem comércio. Seria necessário deslocar milhões de pessoas" foi assim que o Ministro das Obras Pública, Mário Lino justificou a impossibilidade de construir, na margem sul do Tejo, um Aeroporto alternativo à hipótese da OTA.


Mário Lino ainda comparou, metaforicamente, a opção de Rio Frio a um doente aparentemente de boa saúde, mas "com um cancro nos pulmões".

As declarações são profundamente infelizes. E mesmo que devidamente contextualizadas são inadmissíveis quando proferidas por uma figura de Estado.


A Mário Lino bastar-lhe-ia justificar, através de aspectos técnicos, a inviabilidade da obra, nomeadamente por razões ambientais, possibilidade de colisão com aves ou até a existência de aquíferos. Pelo contrário, optou por descrever a margem sul como um ermo, ferindo as susceptibilidades de quem lá reside e deixando exposta uma ferida que ao Governo compete debelar: o facto de existir um fosso entre a margem norte, vanguardista e moderna e margem sul, desordenada, depauperada e esquecida. É um Portugal ambivalente, um Portugal de duas realidades cada vez mais distintas.


Mas declarações deste género não são um exclusivo do Ministro das Obras Públicas.


Já este ano, na abertura do Fórum de Cooperação Empresarial, aquando da visita da comitiva governamental portuguesa à China, o Ministro da Economia, Manuel Pinho, comprometeu o Governo com declarações.


Em causa esteve o facto de Manuel Pinho ter apelado ao investimento chinês no nosso país referindo como o aliciante os custos salariais portugueses, segundo o próprio, "inferiores à média da União Europeia" e com menor previsibilidade de aumento se comparados com os dos novos países do alargamento.


Estes argumentos até podem ser verdadeiros, mas é lamentável ver um ministro propagandear, num outro país, os baixos rendimentos dos portugueses ao invés de ressalvar a sua formação. Mas, por mais que nos custe, há que se ser realista. O que Manuel Pinho disse é a mais pura das verdades: Portugal tem salários inferiores à média da UE e a margem de progressão será menor que nos países da Europa Central e de leste que se encontram em clara expansão económica. Em política por vezes estes subterfúgios trazem impopularidade mas atingem os seus intentos: investimento.


Dois Ministros, duas declarações feitas "on the record", difundidas para milhões de pessoas. Resultados? Dois esclarecimentos, nenhuma medida coerciva aplicada aos Ministros.


Esta semana uma piada privada deu direito a suspensão. O protagonista foi o Professor Fernando Charrua que alegadamente terá feito um comentário jucoso ofensivo para a pessoa do Primeiro Ministro.


"Epá, tu não precisas já de ser considerado licenciado porque já és, mas se precisares de um doutoramento tens que me mandar por fax".


A piada valeu a suspensão ao professor de Inglês que trabalhava há mais de vinte anos na Direcção Regional de Educação do Norte.


Ao que parece renasceram os bufos da PIDE.


É caso para dizer "quando o exemplo não vem de cima.."


domingo, 27 de maio de 2007

Ac Milan: Chave do Sucesso


O Futebol, enquanto fenómeno de massas, não resistiu aos adventos da globalização. Mais do que uma prática desportiva o Futebol assume-se, cada vez mais, como um negócio à escala planetária.


Os clubes transformaram-se em Sociedades Anónimas Desportivas (SAD), os resultados em bolsa estão umbilicalmente ligados ao sucesso dentro das quatro linhas. Até o conceito de adepto mudou, o adepto-fanático, em clara extinção, vem sendo progressivamente substituído pelo adepto-cliente. Atente-se no facto de os patrocinadores terem cada vez maior peso na atribuição dos bilhetes para os diversos jogos.


A globalização chegou mesmo aos departamentos de prospecção. Anualmente são contratados jogadores de qualquer parte do mundo e cada vez mais jovens. Os emblemas com maior tradição disputam o passe de talentos logo desde os infantis


Estabelecida em 1995, a Lei Bosman é tida como a precursora do futebol moderno, dado ter liberalizado a circulação de jogadores. Com esta nova lei um jogador passou a poder abandonar o clube a que estivesse vinculado rescindindo o contrato e transferindo-se para outro. O clube comprador apenas teria de accionar a cláusula de rescisão e o jogador que pagar, ao clube de origem, os salários pendentes até ao final do contrato.


Esta medida veio cavar um fosse entre os grandes e os pequenos clubes. Um grande emblema aliciaria facilmente um jogador de um clube modesto a transferir-se e pagaria um valor residual ao clube que o formou.


Devido a este fenómeno assistimos a uma multiculturalização das equipas de futebol que congregam jogadores de diversas nacionalidades e também a uma constante rotatividade nos plantéis todas as épocas.


Perante esta realidade do futebol moderno é de facto interessante analisar o exemplo do vencedor da Liga dos Campeões 2006/2007: o AC Milan.


O AC Milan é um dos exemplos raros de estabilidade no plantel. O seu plantel 2006-2007 é constituído, segundo o website zerozero.pt, por 61% de jogadores Italianos, 16,7% de Brasileiros e a restante percentagem a ser ocupada por jogadores da República Checa, Holanda, Argentina, França, Gabão, Geórgia, Croácia, Austrália (2,8% cada). O Milan é um exemplo da adaptação ao Futebol moderno, pois abriu-se ao mercado intercontinental mantendo a espinha-dorsal e não perdendo a sua identidade enquanto equipa.


Para melhor percebermos os contrastes cito o exemplo do clube que partilha o Estádio Giuseppe Meazza com o Ac Milan: O Inter de Milão.


O Internazionale de Milão é constituído apenas por 25,8% de jogadores italianos, os argentinos ocupam igual valor, brasileiros representam 12,9%, Franceses e Suecos 6,5% cada. Colômbia, Portugal, Uruguai, Sérvia, Marrocos, Grécia, Hungria têm a sua representação de 3,2% no plantel.


Outro factor curioso prende-se com a idade dos jogadores que constituem o plantel do AC Milan. Numa fase em que os clubes apostam, cada vez mais, em novos talentos, o plantel do Milan tem uma média de idade de 27,69 anos. Factor curioso é que os 19 jogadores convocados pelo treinador Carlo Ancelloti para a Final da Champions League tinham uma média de 32,37 anos.


O Milan conta também nas suas fileiras com casos raros de fidelidade e longevidade no clube como são os casos de Paolo Maldini (38 anos, faz 39 em Junho) que cumpriu a sua 22ª temporada ao serviço dos Rossoneri e Alessandro Costacurta (41 anos) que representa o Milan também há 22 épocas, tendo apenas jogado no Monza em 1986.


O jogo do Milan ante o Liverpool constituiu a segunda final em três épocas e o 7º titulo europeu para os Rossoneri. A vitória levou Paolo Maldini a rotular o clube como o "melhor dos últimos 20 anos".


A conquista teve ainda maior sabor pelo que sucedeu com a equipa esta época.


Vice-campeão em 2005-2006 o Milan ver-se-ia envolvido num escândalo de manipulação da verdade desportiva, conhecido por Calciocaos. No primeiro julgamento, o Milan veria serem-lhe deduzidos 44 pontos o que o relegou para o oitavo lugar, ou seja, ficaria excluído das competições europeias.


Com a interposição de um recurso, a Justiça Italiana reduziu a pena para 30 pontos e subiu a equipa para a terceira posição na tabela. Esta decisão permitiria ao Milan entrar na Pré-Eliminatória da Liga dos Campeões.


Segundo o treinador Carlo Ancelloti a vitória na última edição da Champions "é a mais bela, porque tivemos de superar numerosas dificuldades. É, talvez, a mais bela vitória de todas! Não quero falar de vinganças depois do calciocaos. O futebol italiano sofreu com isso, sobretudo o Milan. Mas este triunfo é precioso, pois vai devolver a serenidade e a credibilidade ao futebol italiano”.


quarta-feira, 23 de maio de 2007

Sarkozy: Debaixo de Fogo


França virou definitivamente à direita.


Há muito que o povo francês já dava indícios de querer esta mudança. O primeiro episódio aconteceu em 2002, quando o líder da Frente Nacional (FN), Jean Marie Le Pen passou à segunda volta das eleições com 16,86% dos votos. Mais recentemente, França rejeitou o Novo Tratado Europeu, num claro "Não" ao Europeísmo.


Para as Eleições Presidenciais de 2007 a escolha da Esquerda Francesa recaiu sobre Ségolène Royal, uma mulher que, politicamente, diz o historiador Jacques Marseille, "durou apenas o tempo de uma campanha". (Público, 8 de Maio 2007)


Os 46,9% obtidos por Ségolène nas Presidenciais constituiram um resultado inferior ao obtido, em 1995, por Lionel Jospin (48,3%). A derrota vai muito para além dos escassos 1,4% de votos perdidos. É que com estes resultados consumou-se a terceira derrota consecutiva da Esquerda Francesa nas Presidenciais.


Sarkozy foi uma resposta aos problemas que França enfrenta: desemprego, exclusão social, violência urbana, imigração.


É conhecido o sentimento chauvinista e patriótico dos Franceses, foi a vez de optarem por um político autoritário.


Regressado à política, em 2002, pela mão de Jacques Chirac numa campanha em que o tema dominante foi a insegurança pública, Sarkozy ocupou-se da pasta do interior onde mostrou o seu temperamento inflexível.


Foi sobretudo no mandato entre 2005 e 2007, sob as ordens de Dominique de Villepin, enquanto Ministro do Interior, que Sarkozy mostrou o pulso firme pelo qual os Franceses tanto anseavam.


Sarkozy sempre demonstrou a sua discórdia quanto à entrada na Turquia na União Europeia mas seria aquando dos tumultos ocorrentes em França em 2005, quando grupos de magrebinos, um pouco por todo o país, espalharam o terror incendiando viaturas que Sarkozy ganhou grande notoriedade.


Helena Matos, na sua coluna de opinião (Pingue-Pongue, Público) refere que "Sarkozy ganhou a presidência há dois anos, na noite em que chamou racaille (canalha) aos grupos que incendiavam, agrediam e matavam nos arredores das cidades francesas".


Sarkozy levou a cabo uma repressão policial na banlieue, ou seja, nos bairros periféricos franceses e tornou a acção da polícia totalmente punitiva.


Estas medidas foram aplaudidas mesmo nos antigos bastiões de esquerda, como é o caso de Hénin-Beaumont, 200 quilómetros a norte de Paris que, em 2002, deu 30% de votos à extrema direita de Le Pen.


O desemprego, o trabalho precário, a deslocalizacao de empresas, milhares de jovens a trabalharem "au noir", a recibos verdes, a crescente imigração e violência e o declinio dos Partidos de esquerda, nomeadamente do Partido Comunista, explicam a desilusão do povo francês e a eleição de Sarkozy.


Segundo noticiou o Público de 8 de Maio, a maioria dos votantes de Le Pen na primeira volta transitaram o seu voto para Sarko na segunda volta.


Por entre as virtudes apontadas a Nicolas Sarkozy na Visão nº 739 (2 de Maio 2007) são apontadas a sua energia, a forte convicção e o facto de ser um orador brilhante. No seu livro Témoignage, Sarkozy defende que "cada época deve ter as suas soluções, mas soluções fortes, voluntárias e determinadas".


Nas Presidenciais de 2007, mais do que a isenção para empresas de cargos sociais e impostos no pagamento de horas extraordinárias, do desconto no IRS dos juros do crédito à habitação, da criação de um contrato de trabalho único ou da revitalização do Eixo Franco-Alemão, foi certamente o discurso de combate aos desordeiros e a protecção do povo francês que garantiu os 53,06% obtidos por Sarkozy.


Nos últimos dias de campanha Ségolène cometeu um erro craso quando apelou ao voto pela negativa. Ségolène tentou usar o factor medo (usado na América na disputa George Bush, John Kerry) afirmando que a violência voltaria às ruas caso Sarko vencesse.


Helena Matos (Público) refere que "o fantasma da canalha voltou (..) e uma sociedade que vive com medo tende a premiar aqueles que chamam canalhas aos canalhas".


Após a eleição Sarkozy tem como prioridades um programa denominado de Tratado Simplificado que, segundo o próprio, "irá pôr a UE a funcionar, sem necessidade de referendos nacionais". Para além de querer revitalizar o eixo França-Alemanha e reforçar as relações com o sul da Europa, Sarko pretende estabelecer relações com África de forma a controlar a imigração. (Expresso, 12 de Maio 2007)


De acordo com o politólogo Bruno Cautrès, apesar das exigências de mudanças de fundo Sarkozy irá encontrar alguma oposição dado que os Franceses "não apreciam que se ponha em causa os seus estatutos e regalias".


Na noite eleitoral Sarkozy não teve direito a um estado de graça. Milhares de jovens da esquerda clássica e anarquistas radicais ocuparam as ruas circundantes à Bastilha e verificaram-se confrontos com a polícia após largas dezenas de viaturas terem sido incendiadas.


Veremos se Sarkozy terá um pulso suficientemente forte para aguentar o braço de ferro que o espera.


quarta-feira, 16 de maio de 2007

Bento XVI: Homem Jesus


A visita que o Papa Bento XVI fez ao Brasil foi quase um símbolo dos desafios que a Igreja Católica terá de enfrentar neste virar de século.


Se por um lado o Brasil foi escolhido por ser um exemplo de tolerância religiosa, o real motivo da visita foi o de ser urgente revigorar o catolicismo num país que, desde há 20 anos, perde milhares de fiéis para cultos evangélicos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991 os católicos representavam 83,8 por cento da população, em 2001, totalizam 73,9 por cento. Mas este fenómeno de debandada católica não é exclusivo do Brasil, um pouco por todo o Mundo a Igreja Católica vai perdendo, progressivamente, a sua influência.


A proliferação destes cultos alternativos tem vindo a merecer a atenção de Joseph Ratzinger desde os tempos em que era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Segundo ele a fragmentação da Igreja Católica em "facções com diferentes correntes ideológicas" perpassa a ilusão de uma Igreja politico-partidária na qual se podem escolher facções, mais progressistas ou mais conservadoras.


Aquilo que a Igreja Católica se esquece é que, na base para tamanha adesão a estes cultos, estão frustrações causadas pela Igreja-mãe.


A um João Paulo II actuante, conciliador, promovedor do espírito ecuménico e, de certa forma, progressista, sucedeu-lhe um Papa teorizador, defensor da doutrina e profundamente conservador.


Bento XVI defende uma Igreja que retome as suas origens, práticas e tradições. O grande binómio que o Vaticano terá de enfrentar no século XXI será certamente o de decidir se aproxima a igreja de Deus ou então do Homem.


Neste aspecto Bento XVI é peremptório: a Igreja não precisa de consensos. Defende que "uma Igreja assente sobre as decisões de uma maioria torna-se uma Igreja puramente humana reduzida ao nível do que é factível e plausível. Assim a opinião substitui a fé.". O Papa critica também alguns teólogos por enviesarem o seu trabalho querendo ser criativos e em nada contribuírem para aprofundar e pregar valores seculares.


O pontificado de Bento XVI será, concerteza, um contrapeso àquilo que o Papa apelida de pensamento moderno. "Talvez os homens possam perceber que contra a ideologia da banalidade, que domina o Mundo, é necessária uma oposição, e que a Igreja pode ser moderna, sendo precisamente anti-moderna, opondo-se àquilo que todos dizem".


Segundo Benedictus PP. XVI o seu papel será o de conseguir um equilíbrio entre harmonia e concórdia, num mundo dominado por uma ditadura do relativismo em que nada parece definitivo e tudo deve ser feito à imagem do ego humano dependendo do contexto, conveniência e utilidade.


É sobretudo pelo seu carácter antidogmático, ou seja, de rejeição de verdades absolutas, que o pensamento moderno ameaça a doutrina eclesiástica.


Segundo o historiador Dag Tessore, Bento XVI afirma que "numa sociedade que, depois de Freud desconfia de todo o pai e de todo o paternalismo, obscurece-se a ideia do Pai Criador ao qual dirigir-se de joelhos". Urge à Igreja recuperar a imagem de um Deus metafísico mas Paternal.


No fundo, Bento XVI reclama que o pensamento moderno tem vindo a humanizar excessivamente a figura de Jesus, tornando a relação dos fiéis para com a Divindade numa relação entre iguais. De um lado o homem, do outro, o "homem Jesus".


Recentemente na sua primeira exortação apostólica, um documento com mais de cem páginas, essencialmente centrado na Eucaristia, Bento XVI reiterou a sua linha conservadora.


A liturgia será, cada vez mais, uma celebração sóbria e discreta de forma a combater a "teatralidade", a "banalidade" o "racionalismo infantil" que tem impregnado as cerimónias segundo o Papa.


Bento XVI exige que, exceptuando as homilias e leituras, regresse o latim e o canto gregoriano às missas. Bento XVI diz que "mesmo que os participantes possam não compreender toda e cada uma das palavras, captam o significado profundo, a presença do mistério, que transcende todas as palavras".


Os gestos excessivos deverão ser igualmente banidos de forma a manter um clima adequado à celebração.


O padre que celebrar a missa deverá fazê-lo de costas para os fiéis. Caso contrário "o sacerdote torna-se o verdadeiro ponto de referência de toda a celebração. Tudo termina nele". Bento XVI procurou dissecar o verdadeiro sentido desta afirmação "não se trata de um voltar as costas ao povo, mas de assumir a mesma orientação do povo."


A defesa exacerbada do celibato, a rejeição do preservativo e este rol de doutrinas ultraconversadoras colocam a Igreja Católica na rota de uma neo Idade Média, na medida em que Deus é o centro do culto e o fiel é apenas um mero súbdito. Se as criticas da Igreja Católica Apostólica Romana vão no sentido de todas as criações humanas à volta da liturgia terem chegado ao nível de um "circo de aldeia" então que se respeite integralmente a doutrina criada por Jesus Cristo. Que os líderes da Igreja se despojem e renunciem as bens materiais assim como Jesus o fez, que se pregue a doutrina ao ar livre.


Ao contrário do que a Igreja Católica tenta perpassar, segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo sempre recusou o estatuto de divindade e sempre conviveu entre os demais humanos.


Uma vez mais a Igreja divergiu do homem.


Num próximo artigo serão analisadas algumas traves-mestras do pensamento de Bento XVI relativamente à Ciência, ao Aborto, à moral sexual, à familia, ao celibato, à homosexualidade, ao papel da mulher e aos novos desafios da Igreja.


quinta-feira, 10 de maio de 2007

Madeleine: Para Inglês ver

English Version

A pequena Madeleine McCann desapareceu na Praia da Luz, em Lagos.


Enxames de jornalistas, directos que preenchem um terço dos telejornais, acções conjuntas de Polícias Portugueses e Internacionais, fotos da menina espalhadas por tudo que é local público e acções diplomáticas de parte a parte.


Mas será que Madeleine foi a única criança a desaparecer em Portugal?


O caso mais mediático de desaparecimentos envolvendo uma criança portuguesa foi o do Rui Pedro. Desaparecido no dia 4 de Março de 1998, à excepção do destaque dado pela TVI, quase passou despercebido.


Mas então porquê este ênfase melodramático excessivo em volta da pequena Maddie?


Em primeiro lugar pelos contornos bizarros da situação. O incidente ocorreu num
país hospitaleiro, seguro, envolveu uma família pacata em férias e uma criança indefesa supostamente raptada.


O caso Madeleine envolve um dos sectores mais lucrativos do País, em que as
despesas são residuais e são em muito superadas pelas receitas, um sector tido como prioritário para o Governo, um sector fundamental para os interesses da construção civil, um sector que, a braços dados com a restauração, emprega milhares de pessoas nas épocas áureas.


Depois falamos de uma região com algumas especificidades, o Algarve. De acordo com o Observatório do Algarve, dados relativos a 2005, revelam que a comunidade Inglesa a residir no Algarve é composta por mais de 10 mil cidadãos. Segundo dados do INE, o Algarve é o destino preferencial de 72,1% dos Ingleses que se deslocam a Portugal, os turistas do Reino Unido representam 7 milhões de dormidas anuais. Representam também avultados investimentos imobiliários, nos sectores da restauração e lazer. Os Ingleses constituiem também mais de 60% dos estrangeiros que aterram no Aeroporto Internacional de Faro. Os proveitos com turismo atingiram, no primeiro semestre de 2006, um valor de 729,8 milhões de euros.



O Ministério da Economia português tinha mesmo planeada, para dia 16 de Maio, uma operação de charme, em Londres, para o lançamento da marca "
ALLGARVE". O programa que conta com um investimento na ordem dos 9 milhões de euros tinha garantida as presenças de José Mourinho e Cristiano Ronaldo.



Por considerar que o timing não seria o mais adequado o Governo Português decidiu adiar esta campanha.



José Dias, dirigente da Região de Turismo do Algarve (RTA), não escondeu a sua apreensão pelas «repercussões nefastas» que o desaparecimento da menina poderá ter para o Algarve enquanto destino de férias.


Mais do que uma criança desaparecida está em jogo o prestigio e a viabilidade
económica de um sector de actividade, de uma região, de um País.


Não querendo obviamente depreciar o caso que envolve a menina britânica a exposição mediática que ele está a ter é exagerada e deixa latente o espírito
subserviente e provinciano dos portugueses.


Enquanto que no caso Joana Cipriano as autoridades apenas iniciaram os trabalhos de campo nove dias após as suspeições, com Madeleine a acção foi imediata. Houve dois pesos e duas medidas.


Nos Call-Centers de operadoras de telemóveis existem mecanismos que permitem que os clientes que mais dinheiro dispendem sejam atendidos mais rapidamente. Espero que a condição económica dos pais da Maddie não tenha sido um factor para esta celeridade nos processos. Porque o grave não é a investigação do caso Maddie ter começado uma hora depois da denúncia, grave é que o caso de uma menina portuguesa pobre tenha tido que esperar nove dias.


Ao longo destes dias vão estar mais de 300 pessoas envolvidas nas buscas. São, segundo o Portugal Diário, 150 militares (GNR, equipas cinotécnicas, bombeiros), 100 inspectores da PJ , auxiliadas por um grupo de 50 voluntários, entre ingleses, residentes no Algarve, e portugueses. Há também a colaboração da Scotland Yard e de alguns membros da policia de Leicestershire, terra dos pais de Maddie. As buscas decorrem num espaço de 15 quilómetros através do controle das vias marítima, terrestre e aérea.


Rapto, tráfico sexual ou tráfico para adopção são estas as possibilidades apontadas pelas equipas de investigação.


Só mais uma nota para Gerald e Kate McCaan, os pais da criança.


Quem não se recorda da obra prima de Eça de Queiróz, "Os Maias" em que o Avô (Afonso da Maia) educou o neto (Carlos da Maia) segundo os moldes rígidos e austeros ingleses? Nem Eça de Queiróz, no expoente máximo do seu realismo ficcional, ousou separar avô e neto na hora das refeições.


Gerald e Kate McCaan incorrem numa pena de prisão que pode ir dos 2 aos 5 anos pela violação do artigo 138.º, 2, por exposição ou abandono de criança. Os pais deixaram os filhos a dormir, enquanto saíram para jantar, e foi nessa altura que Maddie desapareceu do quarto no R/C onde descansava.


Que pais são estes que deixam uma criança de três anos sozinha?


Sobre as insinuações que a imprensa britânica tem lançado sobre a actuação da polícia portuguesa, Miguel Sousa Tavares (Expresso nº1802) refere o seguinte: «a insinuição de que Portugal não pode, por natureza, ter uma policia criminal competente visa esconder outra perplexidade bem mais evidente, como é que um casal de dois médicos ingleses deixa três filhos de 2 e 3 anos sozinhos em casa, para ir jantar ao lado, num restaurante?»


Resta-nos esperar que as autoridades sejam lestas e a pequena seja encontrada sã e salva.


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quarta-feira, 9 de maio de 2007

Paulo Macedo: O Fim da Linha


Consumou-se aquilo que já há muito se previa, a saída de Paulo Macedo da Direcção Geral dos Impostos.



Recrutado ao BCP, em 2004, por Durão Barroso, o gestor auferia de um salário de 23.000 euros/mês, cinco vezes superior ao do Primeiro Ministro.


Com a entrada em vigor da nova lei, nenhum funcionário público poderá receber um valor superior aos 7500 euros/mês auferidos por José Sócrates.


Desde 2004, depois de três ministros das finanças e outros tantos Governos, Paulo Macedo deixou o seu cunho pessoal na DGCI. Segundo o Expresso a administração fiscal terá já arrecadado, em 2006, um total de 472 milhões de euros através das penhoras a mais de 180 mil bens. Só este ano a equipa de Paulo Macedo já arrestou 12 mil rendas e confiscou cerca de 58 mil imóveis.


Estes resultados sensação devem-se, não só às capacidades inatas de Paulo Macedo, mas também ao processo informatização do Estado. Introduzido em 2006, o Sistema Informático de Penhoras Automático muniu a DGCI de meios para detectar os activos penhoráveis, identificar os faltosos e automatizar os procedimentos.
Numa primeira fase salários, contas bancárias, acções e créditos tornaram-se os alvos de penhoras.


No ano seguinte, caso a dívida se mantivesse, carros e imóveis teriam o mesmo destino. Nestes três anos o fisco avançou com a publicação da lista de devedores e arrecadou o valor recorde de 1,54 mil milhões de euros em dívidas fiscais por cobrança coerciva.



Apesar da contestação inicial, oposição e centrais sindicais renderam-se ao trabalho da equipa de Paulo Macedo. Numa entrevista ao Jornal de Notícias, Manuel Alberto, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Impostos (STI) afirmou que "o balanço que se faz do mandato é globalmente positivo" e que a questão do ordenado torna-se irrelevante "quando se compara o vencimento versus os resultados obtidos".


O sindicalista salientou ainda o desempenho de Paulo Macedo ao "desbloquear assuntos parados há cinco anos" tais como a avaliação de funcionários e a gestão de carreiras.



A saída de Paulo Macedo da DGCI, enquanto exemplo da disparidade dos salários entre a função pública e o sector privado, levanta algumas questões pertinentes.


Estaremos condenados à governação por parte dos menos aptos entre os capazes?


Com o sector privado a absorver os grandes cérebros e a remunerá-los tão ostentaciosamente o desempenho de cargos políticos torna-se uma segunda escolha, um mal menor.


Sou da opinião que os salários dos políticos deveriam estar equiparados aos praticados no sector privado. Alguém que gere um País não pode ser remunerado tal como um gestor de um gabinete empresarial. Assim evitaríamos o enviesar das funções politicas quando, por exemplo, autarcas se associam ao lobby da construção civil para angariarem comissões.


Enquanto que a prática corrente noutros países é recrutar pessoas com mérito e provas dadas no sector privado para cargos políticos, em Portugal, o desempenho de cargos na política continua a ser um meio para atingir o sector privado. Vejamos os exemplos de Armando Vara (Caixa Geral de Depósitos) ou Fernando Gomes (Galp).


Ao apostar-se nesta prática remuneratória continuaremos a ser governados por uma segunda linha de dirigentes, incapazes de enveredar pelo sector privado mas o "quanto-baste" para ocuparem cargos de responsabilidade nacional.


segunda-feira, 7 de maio de 2007

Cho Seung: NBC - O pender da balança


A decisão da NBC de publicar as imagens enviadas por Cho Seung-hui tem gerado polémica nos EUA. Teria a cadeia televisiva legitimidade para o fazer? A sua decisão foi lícita?


23 páginas de texto, 28 vídeos e 43 fotos são estes os motivos da discórdia.


Sabemos hoje que a correspondência foi enviada pelo homicida entre os dois ataques que compuseram o massacre. Após ter assassinado duas pessoas no dormitório da Universidade Cho colocou o pacote no correio com a morada da NBC, pouco depois, dirigiu-se para o edifício da Faculdade de Engenharia onde viria a matar 30 pessoas.


Um erro no código postal levou a correspondência a atrasar dois dias.


Qualquer dúvida que poderia subsistir foi dissipada. Seung preparava este ataque há meses.


Uma das fotografias enviada sugere mesmo que Cho ter-se-á inspirado no filme OldBoy, do realizador Coreano Park Chan-Wook, vencedor de um prémio no Festival de Cannes em 2004. O filme retrata a história de um homem preso sem qualquer tipo de justificação.



Após 15 anos de cativeiro ele procura vingar-se de quem orquestrou o seu aprisionamento.


É um filme de violência física e psicológica explicita. Um filme que aborda questões como vingança, amor, a ultra-violência, a crise da vida moderna, a hipnose e obstinação, tudo isso envolto em tabus sexuais. As semelhanças com a vida de Cho são notórias.




Muito para além do homicídio, Cho pretendeu que o seu acto tivesse ainda maior impacto. Ele próprio foi mensageiro dos seus actos e intenções, foi porta-voz da sua revolta contra os "ricos e mimados". Antecipou-se à grande máquina mediática saciando a sua voraz curiosidade e respondendo à questão mais anseada pelos jornalistas:"porquê?".


A divulgação do vídeo pela NBC gerou uma acesa troca de criticas na sociedade americana. De acordo com Steve Capus, presidente da cadeia televisiva, a NBC "reflectiu muito" antes de tornar o material público. Capus revelou ainda que "há material que não foi publicado" e que "o mais apropriado é que o seu conteúdo não seja revelado".
Após ter enviado o material às autoridades federais a NBC fez uma triagem no material a ser publicado o que se afigurou como uma decisão "muito difícil".


Como retaliação a NBC viu serem-lhe canceladas a maior parte das entrevistas de pais e amigos das vitimas. A decisão também mereceu criticas por parte da policia. "Não gosto de pensar que pessoas que não estão acostumadas a esse tipo de imagens tenham sido obrigadas a vê-las" afirmou SteveFlaherty, chefe da policia da Virginia.


Numa entrevista ao Newsday, Ellis Henica, especialista na critica aos media, acusou a NBC de "fingir que a sua decisão foi difícil ao levar as imagens para o ar para terem uma melhoria na audiência". As críticas espalharam-se quer pelos órgãos de comunicação social, quer por toda a blogosfera.


É ponto assente que a divulgação das imagens contribuiu para sensionalizar o acontecimento e que há o risco dos actos de Cho Seung-hui serem um incentivo para que outros o imitem. Aquilo que está em discussão é se o dever de informar se pode sobrepor aos princípios éticos que devem reger a prática do jornalismo.


Nenhuma redacção do mundo deixaria de publicar as fotos e vídeos em questão, principalmente quando se tem o exclusivo e o material nos foi enviado pelo próprio homicida. Há um valor informativo subjacente ao material enviado quer permite esclarecer a opinião pública sobre as motivações e o desvio normativo do assassino.


Mark Fisher, do Washington Post refere que "os jornalistas não têm o direito de esconder o material que é tão essencial para compreender um episódio de grande interesse público. Em casos emocionalmente difíceis como este, o público tem o direito de ver aquilo que nos ajuda a compreender quão descolado da realidade este sujeito estava e que tipo de sintomas este tipo de psicose apresenta".


Apesar do presidente da NBC ter referido que a estação tentou ser "o mais respeitosa possível com as famílias envolvidas" é certo que a cadeia televisiva teve falhas grosseiras.


As primeiras imagens do vídeo foram exibidas pelo programa Nightly News, um programa em horário nobre. Se a preocupação da estação tivesse sido a de respeitar a sensibilidade dos espectadores elas deveriam ter sido exibidas num horário mais apropriado impedindo o seu acesso a crianças.


A violência nas imagens é essencialmente de índole psicológica. Não houve, por parte da NBC, um único aviso sobre a possibilidade das imagens ferirem a sensibilidade dos espectadores. Numa sociedade em que o "parental advisory" é tão recorrente é estranho não ter sido aplicado nesta situação.


A divulgação das imagens constituiu aquilo que Clint Van Zandt, ex-agente do FBI, referiu na NBC durante a apresentação das imagens "a última vitória de Cho".


Cho venceu um departamento psiquiátrico, venceu um serviço de saúde, venceu um sistema escolar, venceu autoridades inertes, venceu um país obcecado com as ameaças exteriores e que deixa os seus cidadãos caidos no esquecimento.


Para todos os que deixaram que Cho Seung-hui vencesse cito Henry Ford "O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência."

Veja o Vídeo do manifesto de Cho Seung-hui:



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quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pina Moura e Nuestros Hermanos


Uma vez mais um grupo económico espanhol volta a cruzar-se com Joaquim Pina Moura.


Em 1998, o ex-ministro da Economia e Finanças de António Guterres esteve envolvido num caso que lançou suspeições sobre a promiscuidade entre o poder político e o económico.


Nesse mesmo ano, o "Ministro aditivado" deu aval e apadrinhou o negócio que previa uma participação estratégica entre a EDP e a Iberdrola.


Em 2004, já saído do Governo, tornou-se presidente da Iberdrola Portugal e adjunto do presidente do Grupo Energético com sede no País Basco.


Em 2006, a Iberdrola controlava já 9,5% do capital da EDP, o que representou um investimento de 332 milhões de Euros, tendo-se tornado o segundo maior accionista da Energética portuguesa, logo a seguir ao Estado Português, que detém 20,49%.


Em 2007, é a vez do grupo espanhol PRISA, detentor de um autêntico império na comunicação social, lhe endereçar um convite para Chairman da Media Capital.


Dificilmente Pina Moura se livrará do epíteto "homem dos Espanhóis em Portugal" usado por Sousa Franco para o designar.


Na Grande Entrevista à RTP1, Pina Moura afirmou que foi nomeado "por razões de boa reputação profissional". A verdade é que, segundo o próprio afirma "só desde há três anos é que sou gestor profissional".


Ora, quem anda nos meandros da Gestão sabe que estes cargos ou são entregues a alguém vasta experiência empresarial e com provas dadas, ou então, a um conhecedor profundo do meio. A verdade é que a experiência de Pina Moura no que concerne aos media é nula.


Em Espanha, a PRISA tem a sua linha editorial alinhada à esquerda, mais propriamente com o PSOE, o Partido Socialista Trabalhador Espanhol. Por mais que o Socialista Pina Moura refute as acusações, é óbvio que a nomeação teve os ditos "pressupostos ideológicos".


Esta nomeação não será certamente uma ameaça para a liberdade de imprensa do grupo Media Capital mas é um exemplo flagrante de mais um "Job for the boys".


quarta-feira, 2 de maio de 2007

PNR: Marcha do Poder


As cores políticas europeias estão a mudar. Os Partidos de Extrema Direita ganham terreno e o neo-nacionalismo cresce a olhos vistos.


No Oeste europeu Portugal e Espanha afiguram-se como dois bastiões nos quais a extrema direita ainda não conseguiu assento parlamentar. Mas até quando esta realidade irá subsistir?


Em 2002 França estremeceu. Nas presidenciais, Jean Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional Francesa, conseguiu passar à segunda volta das eleições com 16,86% dos votos.


Le Pen é um ultra-nacionalista que defende a instauração da pena de morte, a restrição da imigração e a autonomia de França em relacção às directrizes da União Europeia. O escrutinio pode ter tido grande abstenção mas os quase 17% dos votos dão que pensar. Em 2007, Le Pen teve o voto de três milhões e meio de eleitores (11%).


Em Portugal o movimento nacionalista está a crescer e muito por culpa das novas tecnologias.
Se no inicio desta década os movimentos de extrema direita eram underground e quase clandestinos o advento das tecnologias de informação afigurou-se como uma luz ao fundo do túnel. O movimento cresceu, organizou-se, decalcou modelos internacionais e amadureceu. Saiu da simples conspiração de café e ganhou projecção internacional. Frente Nacional e Partido Nacional Renovador têm tido um papel activo nesta dinamização.


O Movimento civico independente e o Partido Politico têm ganho espaço mediático através de manifestações e acções simbólicas como foi o caso da colocação de cruzes na Alameda D.Afonso Henriques em Lisboa para relembrar os bombardeamentos de Dresden (13 a 15 de Fevereiro de 1945) nos quais morreram mais de 30 mil pessoas.


Estas acções com carga simbólica têm cativado os media e a mensagem tem perpassado para a opinião pública. O climax deste mediatismo ocorreu com a colocação do tão afamado cartaz no Marquês de Pombal.


Numa manobra inteligente, o PNR conseguiu esticar a semântica até ao limite da não-xenofobia fazendo com que Tribunal Constitucional e PGR não dessem parecer negativo sobre o cartaz.


Mas é sobretudo nos fóruns que estes movimentos sedimentam o seu estatuto. Neles comentam-se assuntos políticos, combinam-se acções a desenvolver, partilham-se imagens, músicas e videos de cariz nacionalista, negoceia-se merchandising.


Com o advento da internet estes movimentos não conhecem limites e conseguem atingir um ponto nevrálgico: a juventude. Ávidos por uma juventude miitante, o nacionalismo seduz as camadas mais jovens pelo misticismo e pela sua simbologia heráldica. Protegidos pelo anonimato da internet a inculcação de ideais torna-se mais fácil.


Quando o jovem tem o primeiro contacto físico com este movimentos eles tornam-se ainda mais cativantes. Ao invés de comícios políticos e dos discursos entediantes encontram concertos onde a música se funde com palavras de ordem.


Estes movimentos têm crescido ao mesmo ritmo da imigração. A imigração crescente desde a década de 60, em que se começaram a generalizar os movimentos de auto-determinacao das colónias, tem trazido vagas sucessivas de imigrantes para a Europa.


Em muitos casos, os países de acolhimento não possuiam infra-estruturas e condições para os receber. Estes factores levaram à criação de Guetos, autênticos barris de pólvora para a exclusão social e para o eclodir de fundamentalismos e de criminalidade.


50 anos após o Tratado de Roma a União Europeia encontra-se a discutir formas de moderar a imigração. Uma das ideias passa pela criação de um Blue Card, à semelhança do Green Card americano.


O objectivo é trazer para o velho continente trabalhadores qualificados, que tenham um ensino médio, estipulado nos 12 anos de escolaridade e que tenham pelo menos dois anos de experiência profissional. Esta medida facilitaria certamente a integraçãos dos vindouros.


No dia 1 de Maio de 2007, o Partido Nacional Renovador organizou uma marcha pelo emprego que ligou o largo do Rato ao Marquês de Pombal. Duzentos nacionalistas reuniram-se numa marcha ordeira, em que se exigiu trabalho para os Portugueses e se criticaram os interesses da banca e das seguradoras.