A decisão da NBC de publicar as imagens enviadas por Cho Seung-hui tem gerado polémica nos EUA. Teria a cadeia televisiva legitimidade para o fazer? A sua decisão foi lícita?
23 páginas de texto, 28 vídeos e 43 fotos são estes os motivos da discórdia.
Sabemos hoje que a correspondência foi enviada pelo homicida entre os dois ataques que compuseram o massacre. Após ter assassinado duas pessoas no dormitório da Universidade Cho colocou o pacote no correio com a morada da NBC, pouco depois, dirigiu-se para o edifício da Faculdade de Engenharia onde viria a matar 30 pessoas.
Um erro no código postal levou a correspondência a atrasar dois dias.
Qualquer dúvida que poderia subsistir foi dissipada. Seung preparava este ataque há meses.
Uma das fotografias enviada sugere mesmo que Cho ter-se-á inspirado no filme OldBoy, do realizador Coreano Park Chan-Wook, vencedor de um prémio no Festival de Cannes em 2004. O filme retrata a história de um homem preso sem qualquer tipo de justificação.
Após 15 anos de cativeiro ele procura vingar-se de quem orquestrou o seu aprisionamento.
É um filme de violência física e psicológica explicita. Um filme que aborda questões como vingança, amor, a ultra-violência, a crise da vida moderna, a hipnose e obstinação, tudo isso envolto em tabus sexuais. As semelhanças com a vida de Cho são notórias.
23 páginas de texto, 28 vídeos e 43 fotos são estes os motivos da discórdia.
Sabemos hoje que a correspondência foi enviada pelo homicida entre os dois ataques que compuseram o massacre. Após ter assassinado duas pessoas no dormitório da Universidade Cho colocou o pacote no correio com a morada da NBC, pouco depois, dirigiu-se para o edifício da Faculdade de Engenharia onde viria a matar 30 pessoas.
Um erro no código postal levou a correspondência a atrasar dois dias.
Qualquer dúvida que poderia subsistir foi dissipada. Seung preparava este ataque há meses.
Uma das fotografias enviada sugere mesmo que Cho ter-se-á inspirado no filme OldBoy, do realizador Coreano Park Chan-Wook, vencedor de um prémio no Festival de Cannes em 2004. O filme retrata a história de um homem preso sem qualquer tipo de justificação.
Após 15 anos de cativeiro ele procura vingar-se de quem orquestrou o seu aprisionamento.
É um filme de violência física e psicológica explicita. Um filme que aborda questões como vingança, amor, a ultra-violência, a crise da vida moderna, a hipnose e obstinação, tudo isso envolto em tabus sexuais. As semelhanças com a vida de Cho são notórias.
Muito para além do homicídio, Cho pretendeu que o seu acto tivesse ainda maior impacto. Ele próprio foi mensageiro dos seus actos e intenções, foi porta-voz da sua revolta contra os "ricos e mimados". Antecipou-se à grande máquina mediática saciando a sua voraz curiosidade e respondendo à questão mais anseada pelos jornalistas:"porquê?".
A divulgação do vídeo pela NBC gerou uma acesa troca de criticas na sociedade americana. De acordo com Steve Capus, presidente da cadeia televisiva, a NBC "reflectiu muito" antes de tornar o material público. Capus revelou ainda que "há material que não foi publicado" e que "o mais apropriado é que o seu conteúdo não seja revelado".
Após ter enviado o material às autoridades federais a NBC fez uma triagem no material a ser publicado o que se afigurou como uma decisão "muito difícil".
Como retaliação a NBC viu serem-lhe canceladas a maior parte das entrevistas de pais e amigos das vitimas. A decisão também mereceu criticas por parte da policia. "Não gosto de pensar que pessoas que não estão acostumadas a esse tipo de imagens tenham sido obrigadas a vê-las" afirmou SteveFlaherty, chefe da policia da Virginia.
Numa entrevista ao Newsday, Ellis Henica, especialista na critica aos media, acusou a NBC de "fingir que a sua decisão foi difícil ao levar as imagens para o ar para terem uma melhoria na audiência". As críticas espalharam-se quer pelos órgãos de comunicação social, quer por toda a blogosfera.
É ponto assente que a divulgação das imagens contribuiu para sensionalizar o acontecimento e que há o risco dos actos de Cho Seung-hui serem um incentivo para que outros o imitem. Aquilo que está em discussão é se o dever de informar se pode sobrepor aos princípios éticos que devem reger a prática do jornalismo.
Nenhuma redacção do mundo deixaria de publicar as fotos e vídeos em questão, principalmente quando se tem o exclusivo e o material nos foi enviado pelo próprio homicida. Há um valor informativo subjacente ao material enviado quer permite esclarecer a opinião pública sobre as motivações e o desvio normativo do assassino.
Mark Fisher, do Washington Post refere que "os jornalistas não têm o direito de esconder o material que é tão essencial para compreender um episódio de grande interesse público. Em casos emocionalmente difíceis como este, o público tem o direito de ver aquilo que nos ajuda a compreender quão descolado da realidade este sujeito estava e que tipo de sintomas este tipo de psicose apresenta".
Apesar do presidente da NBC ter referido que a estação tentou ser "o mais respeitosa possível com as famílias envolvidas" é certo que a cadeia televisiva teve falhas grosseiras.
As primeiras imagens do vídeo foram exibidas pelo programa Nightly News, um programa em horário nobre. Se a preocupação da estação tivesse sido a de respeitar a sensibilidade dos espectadores elas deveriam ter sido exibidas num horário mais apropriado impedindo o seu acesso a crianças.
A violência nas imagens é essencialmente de índole psicológica. Não houve, por parte da NBC, um único aviso sobre a possibilidade das imagens ferirem a sensibilidade dos espectadores. Numa sociedade em que o "parental advisory" é tão recorrente é estranho não ter sido aplicado nesta situação.
A divulgação das imagens constituiu aquilo que Clint Van Zandt, ex-agente do FBI, referiu na NBC durante a apresentação das imagens "a última vitória de Cho".
Cho venceu um departamento psiquiátrico, venceu um serviço de saúde, venceu um sistema escolar, venceu autoridades inertes, venceu um país obcecado com as ameaças exteriores e que deixa os seus cidadãos caidos no esquecimento.
Para todos os que deixaram que Cho Seung-hui vencesse cito Henry Ford "O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência."
Veja o Vídeo do manifesto de Cho Seung-hui:
Artigos Relacionados:
Virgínia: Silêncio dos Inocentes
A divulgação do vídeo pela NBC gerou uma acesa troca de criticas na sociedade americana. De acordo com Steve Capus, presidente da cadeia televisiva, a NBC "reflectiu muito" antes de tornar o material público. Capus revelou ainda que "há material que não foi publicado" e que "o mais apropriado é que o seu conteúdo não seja revelado".
Após ter enviado o material às autoridades federais a NBC fez uma triagem no material a ser publicado o que se afigurou como uma decisão "muito difícil".
Como retaliação a NBC viu serem-lhe canceladas a maior parte das entrevistas de pais e amigos das vitimas. A decisão também mereceu criticas por parte da policia. "Não gosto de pensar que pessoas que não estão acostumadas a esse tipo de imagens tenham sido obrigadas a vê-las" afirmou SteveFlaherty, chefe da policia da Virginia.
Numa entrevista ao Newsday, Ellis Henica, especialista na critica aos media, acusou a NBC de "fingir que a sua decisão foi difícil ao levar as imagens para o ar para terem uma melhoria na audiência". As críticas espalharam-se quer pelos órgãos de comunicação social, quer por toda a blogosfera.
É ponto assente que a divulgação das imagens contribuiu para sensionalizar o acontecimento e que há o risco dos actos de Cho Seung-hui serem um incentivo para que outros o imitem. Aquilo que está em discussão é se o dever de informar se pode sobrepor aos princípios éticos que devem reger a prática do jornalismo.
Nenhuma redacção do mundo deixaria de publicar as fotos e vídeos em questão, principalmente quando se tem o exclusivo e o material nos foi enviado pelo próprio homicida. Há um valor informativo subjacente ao material enviado quer permite esclarecer a opinião pública sobre as motivações e o desvio normativo do assassino.
Mark Fisher, do Washington Post refere que "os jornalistas não têm o direito de esconder o material que é tão essencial para compreender um episódio de grande interesse público. Em casos emocionalmente difíceis como este, o público tem o direito de ver aquilo que nos ajuda a compreender quão descolado da realidade este sujeito estava e que tipo de sintomas este tipo de psicose apresenta".
Apesar do presidente da NBC ter referido que a estação tentou ser "o mais respeitosa possível com as famílias envolvidas" é certo que a cadeia televisiva teve falhas grosseiras.
As primeiras imagens do vídeo foram exibidas pelo programa Nightly News, um programa em horário nobre. Se a preocupação da estação tivesse sido a de respeitar a sensibilidade dos espectadores elas deveriam ter sido exibidas num horário mais apropriado impedindo o seu acesso a crianças.
A violência nas imagens é essencialmente de índole psicológica. Não houve, por parte da NBC, um único aviso sobre a possibilidade das imagens ferirem a sensibilidade dos espectadores. Numa sociedade em que o "parental advisory" é tão recorrente é estranho não ter sido aplicado nesta situação.
A divulgação das imagens constituiu aquilo que Clint Van Zandt, ex-agente do FBI, referiu na NBC durante a apresentação das imagens "a última vitória de Cho".
Cho venceu um departamento psiquiátrico, venceu um serviço de saúde, venceu um sistema escolar, venceu autoridades inertes, venceu um país obcecado com as ameaças exteriores e que deixa os seus cidadãos caidos no esquecimento.
Para todos os que deixaram que Cho Seung-hui vencesse cito Henry Ford "O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência."
Veja o Vídeo do manifesto de Cho Seung-hui:
Artigos Relacionados:
Virgínia: Silêncio dos Inocentes
Sem comentários:
Enviar um comentário
A sua opinião conta. Faça-se ouvir enviando um comentário