quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Curtas: Bósnia


A escolha de um Estádio a 70 Km da capital, de um recinto digno de um clube do terceiro escalão português, de um relvado estilo 'campo minado'.

Um país onde fecham postos fronteiriços para atrasar a chegada do adversário. Um Aeroporto Internacional onde as malas dos jogadores são inspeccionadas uma-a-uma, onde os adeptos portugueses são obrigados a permanecer no exterior enquanto os Bósnios insultam e cospem nos jogadores lusos.

Um treinador Bósnio que incentiva os seus jogadores dizendo algo como «atacar Portugal como Lobos esfomeados»

Um público que agride um árbitro assistente e desrespeita de forma vergonhosa um Hino Nacional de um País.

Por todas estas e mais algumas razões: Ainda bem que não vamos ter a Bósnia no Mundial da África do Sul

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Igreja: Símbolos


Ao considerar a presença do crucifixo nas salas de aula uma ofensa à Liberdade religiosa, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem relançou o debate sobre a presença destes símbolos nos espaços públicos dos Estados laicos.

A reacção do Vaticano fez-se sentir de imediato argumentando que a presença dos crucifixos não constituía uma exortação ao catolicismo mas sim uma evidência da matriz cristã das sociedades Europeias. Uma redonda mentira uma vez que o ensino foi uma pedra basilar da doutrina eclesiástica ao longo da História.

Pergunto-me se depois de uma presença muçulmana de quase oito séculos na Península Ibérica não haveria a legitimidade de o crescente constar também nas salas de aulas.

A escola deve ser um espaço de formação, que permita a escolha e potencie o livre arbítrio dos alunos baseado no seu próprio quadro de referência, nunca poderá ser um mecanismo impositor de ideologias.

Ao estar integrada em Estados declarados laicos, ou seja, sem terem uma religião oficial, a Igreja deverá aceitar as regras desse jogo. Se até mesmo o Ensino da Religião e Moral passou de obrigatório a facultativo nas Escolas públicas por que motivo a exibição de símbolos religiosos ainda se mantém?

Ao retirarem os símbolos religiosos não se está a iniciar um movimento persecutório à religião Cristã, apenas se está a criar um ambiente de neutralidade em sociedades cada vez mais multiculturais, multiétnicas, com acentuada pluralidade de credos religiosos e que têm a legitimidade de não serem confrontadas com símbolos dos quais não perfilham afinidade.

Mais do que a qualquer entidade, compete à Igreja mostrar respeito pela liberdade individual.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Curtas: Obama I


Foram de discórdia a maior parte das reacções ao Prémio Nobel da Paz recebido por Obama.

Para a generalidade da opinião pública os esforços do Presidente Americano são, até à data, diminutos face aos valores que o prémio pretende laurear.

Obama fechou fisicamente um símbolo político da governação Bush (Guantanamo) mas subsiste a impressão que a Convenção de Genébra continua por respeitar.
Obama não ordenou a retirada dos cenários de Guerra onde os EUA estão envolvidos, pelo contrário, o contingente americano foi reforçado em 20 mil homens no Afeganistão.

Porquê então premiar Obama?

Se para muitos o prémio é uma consequência do seu novo discurso e esforços diplomáticos, para mim, é um inteligente condicionamento que a Academia Sueca impõe à politica externa norte-americana para os próximos anos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Maitê Proença


O vídeo em questão poderia ser mais um a juntar à colectânea "bizarro" no Youtube.

O vídeo em questão poderia ser apenas um vídeo caseiro de uma turista a evidenciar um desconhecimento sobre a história do país que visita.

Sendo o conteúdo em si reprovável mas irrelevante, é ao verificarmos o seu autor que a perplexidade nos envolve e ficamos atónitos: Maitê Proença.

Maitê, à semelhança de muitos actores Brasileiros, tornou-se uma cara conhecida em Portugal depois de décadas de novelas de Globo. Ao conhecida acrescento o adjectivo "respeitada". Os produtos de ficção brasileiros ajudaram ao estreitar de laços entre Portugal e Brasil, conferindo enorme prestigio aos seus protagonistas.

Maitê mais do que ninguém sabe disso.
Não sendo a primeira vez que se deslocou ao nosso país, já terá sentido na pele o reconhecimento que o seu trabalho lhe foi conferindo ao longo destes anos. Parece que afinal os 'esquisitos dos Portugueses' apreciam o desempenho profissional da senhora..

Olhando os curtos minutos do vídeo filmado para o programa 'Saia Justa' do GNT aquilo que me apraz definir como 'justa' é mesmo a cultura geral da actriz brasileira. Se não fosse ofensivo o vídeo seria um autêntico hino à sua atroz ignorância.

Em primeiro lugar há que sublinhar a falta de profissionalismo de Maitê. Sendo um vídeo que, supostamente, visa mostrar alguns aspectos da cultura portuguesa aos brasileiros a actriz exibe jocosamente a sua ignorância, não sabendo distinguir Vilas de Cidades, Pinheiros de Ciprestes, Rios de Mares, atropela noções históricas, tenta fazer chacota com pormenores esotéricos, ridiculariza os Portugueses, cospe num dos seus monumentos mais relevantes.

Não poderia haver melhor imagem metafórica para descrever o sentimento que invadiu o nosso País, afinal Maitê cuspiu num prato que a tem alimentado.

Uma figura pública como o é Maitê Proença está envolta de uma responsabilidade ética a que o comum dos brasileiros não está sujeito. O seu comportamento até seria menos condenável se o vídeo fosse para efeitos privados e, por um desleixo, tivesse vindo parar à Internet. Sendo que o mesmo tinha como propósito a divulgação pública ele só enfatiza a falta de carácter da personagem.

Maitê esquece-se que também é sustentada pelos contratos de compra das novelas da Globo que Portugal paga, esquece-se que os Portugueses enchem as salas de teatro quando cá vem estrear peças, esquece-se que há portugueses que compram os seus livros.

Mas, pior do que isto, foi a falta de respeito reprovável que teve para com a comunidade brasileira residente em Portugal.
Ao desrespeitar um país como o nosso, este episódio poderá servir para acirrar alguns comportamentos xenófobos e criar clivagens numa convivência que tem sido, na maior parte dos casos, totalmente pacifica.

Podemos ser esquisitos mas somos honrados e dificilmente voltamos a ter em boa conta quem nos passa a perna
Pense três (3) vezes antes de cá voltar, ou ainda sairá mais invertida do que o número na porta de Sintra.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Curtas: Política II



O calendário escolhido para as Autárquicas deixou novamente Cavaco Silva mal na Fotografia.

Com apenas duas semanas a separar Eleições, a agenda mediática foi ocupada com as reacções ao primeiro acto eleitoral e análises aos prolongados silêncios do Presidente da República.

Com pouco mais de uma semana de campanha para as Autárquicas, a discussão dos grandes temas do poder local foi completamente obliterada ao não se dar tempo de antena às novas propostas e intervenientes.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Curtas: Política I


Estranha democracia esta onde situações verificadas em 2002 (Caso Freeport) são trazidas à baila, em 2009, meses antes de umas eleições legislativas que envolvem José Sócrates.

Estranha democracia esta quando, em 2009, após Paulo Portas, o líder do CDS-PP, ter conseguido o maior resultado de sempre, se toma de assalto escritórios de advogados por suspeitas de corrupção num processo de compra de Submarinos que remonta a 2004.
Estranha democracia esta..

sábado, 26 de setembro de 2009

Observador XXI no Twitter


Observador XXI chega finalmente ao Twitter. Caso prefira poderá acompanhar as actualizações do Blog através desta popular rede social. http://twitter.com/observador21

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Curtas: Cavaco Silva II


Ao demitir o assessor Fernando Lima em vésperas de eleições, o Presidente da República, Cavaco Silva, deitou por terra a sua tão propagada «estabilidade do sistema politico democrático».

É da competência do Presidente da República zelar pelo bom funcionamento das instituições. Optar pelo silêncio e lançar um clima de suspeição sobre o acto eleitoral não ajuda ninguém.

Se ao recorrer ao silêncio Cavaco procurou não interferir nas Legislativas enganou-se, já o fez.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Relembrar o 11 de Setembro


Os anos passam, as dúvidas subsistem. Reveja o "Especial 11 de Setembro" e deixe-se confrontar com teorias que põem em cheque a versão oficial dos factos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Quem Tramou Moura Guedes?


Suspensão do Jornal Nacional de Sexta: Um atentado à liberdade de imprensa para alguns, uma inevitabilidade para outros.

O Jornal Nacional de Sexta (JN6) foi um formato claramente pensado na imagem de Manuela Moura Guedes: acutilante, acusativo, provocador.

Apesar de o Jornal, como referiu Moniz em diversas entrevistas, ter sido projectado para um formato de Semanário, visando dar uma abordagem mais profunda aos principais temas da actualidade, logo cedo o JN6 revelou os seus reais propósitos. Ao invés de realçar a actualidade foi, ele mesmo, condicionar a agenda informativa trazendo à baila casos de hipotética corrupção e lançando suspeitas sobre pessoas singulares e colectivas.

Mas terá sido com o paradigmático caso Freeport que o JN6 terá criado o seu grande equivoco.

Semana após semana, deu-se uma instrumentalização de um espaço informativo, enfatizou-se um tema que poucos ou nenhuns desenvolvimentos tinha, criou-se um ruído feito à base do efeito cumulativo e do clima de suspeição instaurado, procurou-se reeditar uma "cacha" jornalistica ao estilo de Watergate, deu-se relevância dogmática a provas que, no nosso sistema jurídico não têm qualquer validade, fez-se uma «caça ao Homem» visando claramente denegrir a pessoa de José Sócrates.

Não quero com isto dizer que o JN6 não estava no direito de divulgar as informações sobre o caso Freeport. Aquilo que não pode fazer é valer-se da sua posição privilegiada para se antecipar às instituições democráticas e promover um julgamento na praça pública visando dai tirar dividendos políticos mesmo que indirectos.

Algo vai mal no jornalismo quando os caprichos pessoais se sobrepõem à agenda mediática.

Semana após semana o JN6 abria fogo cerrado a figuras de destaque, a sectores de actividade e forças politicas. Ministério da Educação, Comícios Científicos, Propaganda Médica, agentes desportivos, bastonários de ordens, reguladores televisivos todos estes temas ou actores foram sujeitos a peças ou entrevistas que inauguraram um estilo híbrido entre a denúncia e a chacota.

O sentimento de omnipotência ética seria porém travado pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto que, em pleno directo, apelidou o espaço informativo de «espectáculo degradante para a informação», sublinhando que Manuela Moura Guedes praticava um «jornalismo que envergonha os verdadeiros jornalistas» violando «sistematicamente o código deontológico».
Aos processos movidos por José Sócrates por difamação acrescentou-se um novo contencioso desta vez com o Benfica que barrou a entrada da TVI e media do grupo às instalações.

Pouco a pouco, o JN6 comecou a ficar esmiuçado por contendas mediáticas, ao invés de se tornar um espaço privilegiado de jornalismo de informação.

Inserido num grande grupo de comunicação como o é a Multinacional espanhola PRISA o cancelamento do JN6 demonstra a acuidade da ligação entre informação e grandes grupos económicos.

A inserção num grupo que tem pressupostos expansionistas no mercado português leva a que os seus accionistas recuem perante um produto da sua marca que condicione ou que esteja em permanentemente em conflito com sectores chave da sociedade.
O cancelamento do JN6 deve-se, na minha opinião, mais a uma tentativa de PRISA se demarcar de ser um "player" incómodo e com isso manter margem de intervenção no mercado português, do que propriamente devido a qualquer pressão politica pré-eleitoral.

O ex-director geral da estação, José Eduardo Moniz viria a considerar esse recuo como «um escândalo a todos os titulos. do ponto de vista politico e do ponto de vista empresarial e do ponto de vista da liberdade de informação em Portugal. Acho escandaloso que esta situação tenha ocorrido. Acho uma enorme falta de verticalidade da parte dos accionistas e acho que acabam de revelar que não têm estatura nem dimensão para terem um órgão de comunicação em Portugal».

Estranha foi também a reacção mediática após a demissão em bloco da direcção de informação da TVI. Ao invés de procurarem questionar quem realmente teve poder decisório (PRISA e Accionistas da Media Capital), procuraram atribuir a José Sócrates a responsabilidade pelas supostas pressões politicas que redundaram na suspensão do JN6.
Um género de Cluedo informativo que tentou encapotar as culpas a todos os protagonistas menos áqueles que, efectivamente, têm esse poder: os accionistas.

O Jornal Nacional de Sexta quis ser predador, acabou por se tornar na presa.
Quem tramou Moura Guedes?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Futebol à Portuguesa



Uma hilariante homenagem ao nosso Futebol e aos nossos "artistas".

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Verdades de Medina Carreira



Uma grande entrevista concedida pelo fiscalista à SIC Notícias que põe a nú o estado do Estado, da política e dos insucessos do sistema democrático português.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Paulo Bento: Divórcio


Será que tudo no Futebol tem que estar condenado a um resultado desportivo no imediato?

Vamos a factos.

Paulo Bento chegou ao Sporting pela mão de Soares Franco. A politica de gestão desportiva era clara: redução de custos, politica de contenção orçamental, venda de algum activo para balancear orçamento, aposta nos jovens formados na academia, complementar o plantel com alguns jogadores estrangeiros mais experientes

Perante um cenário desportivamente restrito Paulo Bento registou, rezam as estatísticas, um dos melhores períodos de sempre da história leonina. Venceu a Taça de Portugal, conquista a Supertaça, apurou-se duas épocas consecutivas para a Liga dos Campeões, passou pela primeira vez na história do clube a fase de grupos da competição.
Mas Paulo Bento foi mais. Foi disciplinador, foi director desportivo, foi director de comunicação, foi um autêntico colete de balas para os desaires e questões delicadas do Sporting.

Todos os factos suprareferidos levaram a um sentimento de união entre sócios e o seu treinador. Paulo Bento conseguia frutos com um plantel significativamente mais modesto que os dos seus mais directos competidores, o clube fazia mais valias como Nani, a equipa jogava com uma maioria de jogadores formados no clube, Paulo Bento exponenciava jogadores da academia (João Moutinho, Miguel Veloso, Yannick Djaló, Rui Patrício, Pereirinha, Ricardo Carriço).

Maio de 2009 poderia ser um mês chave para o clube de Alvalade. Com as eleições à porta perfilaram-se dois candidatos com propostas dispares.

Por um lado, a auto-proclamada "continuidade" defendida por José Eduardo Bettencourt. Paulo Bento ficaria («Paulo Bento Forever»), o Sporting continuaria a sua aposta na prata da casa, procuraria com menos fazer mais que os outros.

Do outro lado contrapunha-se, pela mão de Paulo Pereira Cristóvão, uma proposta de ruptura. O Sporting optaria por um treinador estrangeiro de craveira internacional, o Sporting iria mais ao mercado reforçar externo reforçar o plantel, a postura e o discurso do clube seriam mais agressivos do que no mandato de Soares Franco.

A tudo isto os sócios do clube responderam, peremptoriamente, com um 89,4% num projecto mais comedido que incluiria Paulo Bento.

O clube voltou a apostar em todos os itens que têm marcado o sucesso do clube no passado mais recente.

Se a receita é a mesma que tem enchido os sócios de orgulho por terem uma das melhores academias do mundo, por serem um clube que aposta nos jogadores nacionais, por conseguirem ficar a frente de clubes com orçamentos milionários, a que se devem este divórcio entre os sócios e a equipa técnica?

Já aqui o escrevi. Não se pode exigir uma equipa de jovens e querer-se maturidade. Não se pode elogiar e votar um orçamento e depois criticar o clube por não ter comprado jogadores de craveira. 89,4% de votos num projecto responsabiliza os seus sócios. Ou têm maturidade e paciência para apostar num projecto, ou voltarão a um Sporting de tumultos e revoluções constantes que poucos resultados desportivos alcançou.

Poderá ser dificil Paulo Bento ficar no Sporting, mas será certamente mais dificil para o Sporting ficar sem Paulo Bento.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Benfica: Ai Jesus


Nova mudança, nova etapa no Benfica agora com Jorge Jesus ao leme da equipa.

O factor mais constante no Benfica dos últimos tempos tem sido mesmo esse, a constante mudança.

No clube da Luz temos assistido a uma dança incompreensível de treinadores, recrutados pelo nome sonante, por impulso, por desejo dos sócios mas muito poucas vezes tendo em conta um critério desportivo claramente definido.

O mal não esteve propriamente nas mudanças em si mesmas, mas sim na mudança sem critério, na falta de uma visão macro do Futebol desportivo do Benfica, não falta de uma concepção de jogo clara para a equipa.

Uma incongruente aposta desportiva "estável" em treinadores estrangeiros que, nem que fosse por razões meramente familiares, sabia-se à partida que não ficariam muito tempo pelas bandas da Luz.

A inconstância constante do Benfica deveu-se e muito a essa falta de pré-conceito desportivo que o tornou num carrossel de treinadores, jogadores e de métodos.

Talvez ainda preocupante que as constantes revoluções aquilo que assustava os seus adeptos era uma tendência quase auto-flageladora do clube recorrente nos mesmo erros ano após ano.

Parecem-me agora reunidas algumas condições essenciais para que o clube tenha, efectivamente, um novo rumo.

Em primeiro lugar existe estabilidade directiva. Luis Filipe Vieira eleito pela terceira vez, a terceira com uma margem de votos superior a 90%, viu o seu projecto legitimado pelos sócios.
Se os seus primeiros mandatos foram claramente para o estabelecimento das bases processuais, financeiras e logísticas para assegurarem o futuro do clube, o terceiro mandato ficará irremediavelmente ligado ao sucesso desportivo ou à falta dele. Os primeiro seis anos de Luís Filipe Vieira serviram para a credibilização do Benfica enquanto entidade, profissionalização do clube, relançamento da marca Benfica e criação das infraestruturas desportivas do clube (Estádio, Pavilhões e Centro de Estágio)
Ao proteger o seu calcanhar de Aquíles (a falta de conhecimento desportivo) e ao incumbir Rui Costa dessa responsabilidade sobrará a Luís Filipe Vieira maior margem de manobra para o mundo para o qual se lhe reconhecem mais méritos: a gestão empresarial do clube.

Em segundo lugar a mudança de politica desportiva iniciada com a aposta no futebol de formação e potenciada com a chegada de Rui Costa ao papel de director desportivo.
Começa-se a vislumbrar uma politica desportiva clara.
Manutenção das principais peças no plantel, compra de jogadores jovens com potencial, jogadores comprados tendo como base uma concepção de jogo na qual eles se irão encaixar, renovação com jogadores importantes, regresso de empréstimo de jogadores com potencial, integração em estágio de juniores. Jorge Jesus encontrará no Benfica seguramente uma estrutura mais coerente do que os seus antecessores.
O terceiro ponto prende-se precisamente com o treinador Jorge Jesus. Trata-se de um profissional de provas dadas, exigente e metódico, profundo conhecedor das especificidades do futebol português e, concomitantemente, da realidade Benfiquista.
Vejamos se se fará luz no ninho das águias ou se, pelo contrário, será um «ai Jesus».

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Curtas: Bruno Carvalho I


Bruno Carvalho é o candidato da Lista B às eleições do Sport Lisboa e Benfica.
Para alguém que estabeleceu como bandeira de campanha recuperar a «democraticidade do Benfica», Bruno Carvalho tem dado constantes tiros no pé.
Quem quer pugnar pela democracia não tenta vencer as eleições através de artimanhas jurídicas mas sim através dos votos, quem diz que os sócios são a força do Benfica não os pode temer e votar ladeado por seguranças privados.
Os sócios, maiores agentes da democracia do clube, saberão dar uma resposta cabal.

domingo, 14 de junho de 2009

Curtas: Cavaco Silva I


Já ninguém fica surpreendido quando um líder político decide dar a sua opinião sobre coisas para as quais não tem a mínima competência.

Cavaco Silva considerou que os valores pagos pelo Real Madrid por Cristiano Ronaldo «passaram os limites razoáveis».

Todos gostariamos de ter um Presidente menos preocupado com a indústria futebolistica e mais interventivo em temas como a utilização de dinheiros públicos para tapar os milionários desfalques bancários ou os cartéis das empresas energéticas que multiplicam lucros em tempos de crise.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

CR7: Real Negócio

Ao que tudo indica o jogador luso irá ser jogador do Real Madrid.

Depois de no último defeso as abordagens do clube espanhol terem saido goradas parece agora inevitável a saída de Ronaldo de terras de sua Majestade.

Florentino Peres, de volta ao Real, parece novamente apostado em inflacionar o mercado de transferências futebolistico atendendo às cifras envolvidas nos negócios de Kaká (65M) e Cristiano Ronaldo (94M)

É de facto surreal que perante uma conjuntura desfavorável e uma crise financeira mundial alguem esteja disposto a despender de tais valores.

Não me espantaria que toda esta enorme operação financeira fosse co-suportada por grandes sectores de actividade espanhóis.

Para lá do valor pago por Ronaldo ser rapidamente amortizável através da exploração dos seus direitos desportivos e comerciais, o facto de se ter um dos melhores jogadores do mundo a actuar no país representa uma mais valia para os sectores ligados ao turismo, transportadoras, hotelaria e restauração. Se bem se lembram já no defeso 2008/2009 vimos a Audi a presentear Ronaldo com um dos seus últimos modelos para que viesse jogar no Real Madrid.

Há pois toda uma teia de relações económicas que gravitam paralelamente ao Futebol e que nele têm um interesse atendível.

Ronaldo não significa apenas Futebol mas também proventos económicos.

Mas aquilo que quero ressalvar com este artigo é a necessidade de regulamentação.

É um fenómeno relativamente recente, embora tenha tido maior incidência nos últimos anos. O futebol está a ser invadido por magnatas, muitos deles sem terem reconhecida qualquer credencial que os torne aptos a gerir clubes desportivos. O futebol tornou-se um desporto de investimento fácil, onde deixaram de ser necessárias valências cognitivas para que se possa gerir um clube. Basta a qualquer excêntrico mundial apresentar uma avultada soma financeira para tomar as rédeas de um clube de Futebol.

Aos jogadores exige-se uma formação futebolistica, aos treinadores o grau de treinador condescendente com o escalão em que milita, aos presidente apenas é exigido dinheiro.

É este falta de regulamentação que se está a tornar gritante no Futebol. Vemos o senhor Platini tão embrenhado em melhorar a arbitragem colocando um árbitro por cada cinco metros quadrados de relvado mas incapaz de enfrentar os fenómenos que estão a deitar o jogo por terra.

Deixar o Futebol nas mãos de pessoas que gerem clubes como se empresas fossem, é um erro gritante.

Deixar o poder nas mãos de Presidentes que dos jogadores pretendem fazer lucros e não boas equipas, que dos filiados querem fazer accionistas, que dos públicos querem fazer clientes e não adeptos é assinar a sentença de morte.

Uma morte lenta mas anunciada.

O Real Madrid e os seus adeptos já viveram a experiência de um periodo em que contavam no seu plantel como os nomes mais sonantes (Beckham, Zidane, Roberto Carlos, Ronaldo, Figo) e isso pouco foi traduzível em resultados desportivos.

Que Ronaldo tenha sorte mas que se lembre que na vida, tal como no Futebol, há coisas que o dinheiro não pode comprar.

sábado, 6 de junho de 2009

Curtas: Eleições Sporting


Ao elegerem José Eduardo Bettencourt como 35º Presidente com 89,4% dos votos os Sportinguistas deixaram uma mensagem inequívoca.
Mais do que votarem num Presidente os Sportinguistas votaram num conceito: o da estabilidade.
Apesar de um discurso de ruptura interessante, o candidato Paulo Pereira Cristóvão acabou por deitar tudo a perder ao anunciar grandes nomes. Uma total antítese daquilo que tem sido a fórmula de sucesso no Sporting. Os grandes momentos do Sporting foram, na esmagadora maioria dos casos, originados por jogadores/técnicos que, mesmo não sendo de renome, o construíram em Alvalade.
Ao terem respondido "SIM" a uma equipa oriunda da formação e a uma política contenção orçamental os adeptos leoninos terão que ter a paciência necessária para esperarem pelos frutos de um projecto, que apesar de acertado e promissor, só irá solidificar e dar frutos constantes a médio ou longo prazo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Curtas: Jesualdo Ferreira I


Esta foi seguramente a época mais saborosa para o Professor Jesualdo Ferreira.
Conseguiu colmatar a ausência de jogadores importantes (Paulo Assunção, Quaresma e Pepe), apostou em perfeitos desconhecidos, tornando-os peças-chave no onze do Futebol Clube do Porto (Cissoko, Fernando, Hulk), realizou a melhor época pós-Mourinho e entrou para a história tornando-se o Treinador de maior permanência nos Dragões.
Numa época em que, face ao castigo de Pinto da Costa, Jesualdo foi a cara e voz do FCP, o treinador Transmontano terá conquistado, em campo, a simpatia que não conseguiu obter dos adeptos noutros aspectos.
Pela sabedoria e profissionalismo demonstrado, Jesualdo merece este sucesso.

domingo, 31 de maio de 2009

Curtas: Alexandra I


Chega a ser revoltante o Estado da Justiça em Portugal. Se para um cidadão adulto é difícil compreender algumas das sentenças o que fará para uma criança.
Ver uma menina cravada de lágrimas ser arrancada dos braços dos pais afectivos, laços esses criados durante um processo que se arrastou por morosos 5 anos, deverá envergonhar qualquer magistrado.
A celeridade processual deverá ser sempre em benefício dos seus cidadãos, principalmente quando falamos de crianças indefesas, numa fase de desenvolvimento crucial e que não podem, de modo algum, ser tratadas como mercadoria transaccionável.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

TVI: Joker e Rei

Não terá sido por falta de vontade que muitos não terão feito o mesmo que Marinho Pinto no Jornal Nacional de sexta.

Tem sido vergonhoso o tratamento noticioso dado ao caso Freeport.

Usar o efeito cumulativo para colar a suspeição em relação ao Primeiro Ministro, tentar fazer de um qualquer «José Sócrates é corrupto» ouvido numa gravação uma prova inequívoca, fazendo manchete como se os tribunais já tivessem corroborado as suas teses, misturando opinião pessoal com jornalismo factual.

Em jornalismo, em condições normais, os factos acedem naturalmente ao circuito mediático. Aquilo que está a ser feito na TVI é um jornalismo de investigação que tem um propósito claro e que, mesquinhamente, está a jogar com tempo politico.

Ao jornalismo compete a busca da verdade, o cruzamento de informações, o direito ao contraditório, pelo contrário, aquilo que tem sido feito no Jornal Nacional é uma autêntica «caça ao homem», um julgamento antecipado para a opinião pública, o lançar de suspeições que escondem dissidências pessoais entre as chefias da estação e o Primeiro Ministro.

TVI não faz notícias, instrumentaliza informação.

Obviamente Manuela Moura Guedes será das poucas, senão a única Jornalista deste país com possibilidade de fazer o que faz sem que isso tenha reflexos negativos na sua carreira. Afinal ser mulher do Director Geral da Estação (que por sinal partilha da mesma inimizade politica) dá o seu jeito.

Mal de quem, como Manuela Moura Guedes, se sinta num estado de imunidade e de superioridade em relação à sua própria classe profissional que leve a desrespeitar os princípios mais elementares do oficio.

Entrevistas tais como as que foram feitas a Marinho Pinto (Presidente da Ordem dos Advogados) e a Azeredo Lopes (Presidente da Entidade Reguladora da Comunicação) deixaram bem patente a falta de profissionalismo da pivot que não se imiscuiu de usar o seu espaço informativo para debater questões pontuais em que a sua própria figura tivesse sido posta em causa.

Um estilo acutilante nunca poderá servir de camuflagem ao atropelamento das suas responsabilidades éticas.

Aquilo que se passa na TVI não diz directamente respeito só a José Sócrates, mas a todos nós. A presunção de inocência até prova em contrário é um direito constitucional que não poderá ser posto em causa em praça pública, muito menos dissimulado de jornalismo que afinal serve caprichos pessoais.

Pelo bem do Estado Democrático deixemos de dar mais audiências a estes senhores.

O telecomando é a nossa maior arma. Façamos uso dele.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Curtas: Vitor Constâncio I


Só mesmo em Portugal o Governador do Banco de Portugal pode, depois de tanta demonstração de incompetência ponderar, sequer, um aumento no seu ordenado.

Depois dos desfalques ocorridos no BCP, BPN e BP terem passado despercebidos a Vitor Constâncio, só num país onde reina um total sentimento de impunidade, o responsável pela supervisão das instituições bancárias e de crédito pode admitir um aumento no seu ordenado quando falhou redondamente nas suas tarefas mais básicas.

Vitor Constâncio é um dos Governadores mundiais mais bem remunerados, aufere cerca de 250 mil Euros anuais e estava em causa um aumento de 2.1%

domingo, 17 de maio de 2009

Curtas: Nova Secção

Nova Secção no Observador XXI.

Em complemento aos artigos de Opinião, o Curtas pretende ser um espaço que garante maior actualização no Blog.

Pequenas análises, de leitura fácil aos factos e figuras da actualidade.

Espero que seja do agrado de todos
.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Deputadas: Digam lá 33


Porque insistimos em fazer leis quando não estamos preparados para as cumprir ?

Quando as coisas são iguais para quê uma lei que as torna diferentes?

A polémica surgiu esta semana com uma alegada tentativa do PSD para contornar a lei da paridade no que toca à lista para as Europeias. Como a nova lei exige, deverá ser intercalada uma candidata do sexo feminino por cada três deputados do sexo masculino.

A congeminação social democrata demonstra um dos argumentos supra-referidos: a impreparação social para cumprir leis promulgadas.

Segundo aquilo que foi veiculado na imprensa, a estratégia do partido passaria por intercalar a quota de mulheres indicada pela lei mas, à posteriori, fazer com que elas renunciassem ao seus cargos.


O ridículo é que a própria lei sobre a paridade é, ela mesma, uma lei segregacionista, uma vez que divide define o género como uma variável de acesso ao poder em detrimento das competências que são alheias à diferenciação sexual.

A lei aprovada em 2006 pelo Presidente da República Cavaco Silva acaba por estar redundada ao ridículo.

Se atentarmos num dos documentos basilares para a cidadania, verificamos que já a 10 de Dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclamava:

«Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. (..) Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país.»


Isto significa que durante 58 anos as mulheres tiveram consagrado um estatuto que em tudo era igual ao dos Homens, mas foi preciso, em Portugal, criar uma lei para, por um lado, distingui-las sexualmente e, por outro, enfatizar que são pelo menos 33% iguais aos homens.

Das duas uma. Ou assumimos que somos uma sociedade livre e igualitária, de livre acesso a cargos públicos ou então insistiremos numa teatralização democrática por quotas, por parcelas, pois leis impositivas e discriminatórias.

Rotular os detentores para lá daquilo que sejam as suas competências tecnocratas é desvirtuar o desempenho dos cargos políticos.

Bem mais útil seria implementar uma lei que obrigasse os executivos a cumprirem, pelo menos, 33% das promessas eleitorais.

Uma lei, por si só, não faz uma regra prevalecer, a mentalidade sim.

Ora digam lá trinta e três.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Igreja: Controlem-se

A recente passagem de Bento XVI pelo continente Africano fica marcada por mais um confronto conceptual em torno do uso do preservativo.

O tema não é novo, a posição intransigente da Igreja é também sobejamente conhecida.
O que é mais preocupante é a Igreja ter escolhido o Continente mais flagelado pelas doenças infecto-contagiosas, com particular destaque para a SIDA, para reiterar a sua posição adversa em relação ao preservativo.

Mais do que o preservativo enquanto objecto a Igreja teme o que ele possa significar. A liberalização das relações interpessoais, uma certa libertinagem nos comportamentos sexuais mas principalmente a decadência do seu papel enquanto reguladora desses mesmos comportamentos.

Ao longo dos séculos, a Igreja sempre encontrou na estrutura familiar um reduto infalível para a conservação da sua doutrina. Substituindo-se aos doutrinadores pastorais os núcleos familiares foram os maiores repressores de comportamentos ditos modernos mantendo, deste modo, os dogmas e a ordem visada pela Igreja.

Trata-se de um problema puramente conceptual uma vez que a Igreja nao consegue destrinçar que o uso do preservativo e uma procriação responsável sejam duas faces da mesma moeda.

É precisamente devido a este aspecto que a Igreja se sente desconfortável, pelo facto de estarmos perante uma mudança de paradigma que distingue a sexualidade da reprodução. O uso do preservativo comporta uma profunda mudança radical de mentalidade em relação à esfera do sexo, da afectividade e da relação entre homem e mulher.

Não é de agora mas a Igreja sempre temeu a técnica porque ela representa uma mudança no modus vivendi da população.

Confinados ao seu pensamento retrógrado fomos nascendo sempre debaixo de uma poderosa maquina instigadora de coacção que nos foi reprimindo comportamentos, que quase nos fez acreditar que o nosso corpo era algo de pecaminoso, que nos disse que era preciso casar para se ser feliz, que mesmo que o nosso casamento fosse de fachada e perfeitamente infeliz o teriamos que aguentar porque "Deus" assim o desejava.

A Igreja criou alegorias de concepções imaculadas, tornou uma maçã simbolo de pecaminosidade, deixou bem patente no pecado original que Eva, enquanto representante das mulheres deveria optar por uma conduta celestial e ordeira sob pena de ser expulsa do paraíso. Estamos portanto a falar duma mulher concebida como um ser inferior ao homem, mulher que deve ser a sombra do seu marido, mulher que deve ser reduzida à sua função procriadora.

A Igreja teme uma mulher livre e autodeterminada pois ela será a chave para a decadência do seu modelo repressivo.

Para Bento XVI a separação entre sexualidade e casamento tornou-se uma espécie de mina errante, um problema e ao mesmo tempo um poder omnipresente. Ao render-se aos afectos e ao descobrir as potencialidades do seu corpo teremos uma sociedade regida pela consciência livre e singular.

Consigo compreender que a Igreja tenha uma faceta interventiva na sociedade espalhando a mensagem de Cristo, já não consigo conceber que se intitule portadora de verdades dogmáticas sobre causas contemporâneas.

A Igreja usou o nome de Cristo nas Cruzadas Cristãs com pressupostos expansionistas, tentou sempre silenciar correntes de pensamentos que pusessem em causa as suas regalias e é das instituições em que o seu líder mais opulência ostenta.

Não reconheço na palavra de Cristo nenhum salmo dedicado a tácticas militares, à condenação violenta do pensamento de outrem ou qualquer elogio ao dandismo.

Terá a Bíblia sido actualizada algures na Wikipedia com um artigo versando sobre o uso do preservativo?

Não terá Deus apenas ensinado os seres humanos a amarem-se respeitando sempre o próximo?

Mantendo este rumo a Igreja perderá todo o seu propósito. Se Deus está no meio de nós, não necessitaremos de intermediários de consciência.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Trinta e Um Nacional

Liedson na Selecção: solução para uns, trinta e um para outros.

O reinado de Luis Filipe Scolari ao comando da Selecção das Quinas abriu um precedente na equipa nacional portuguesa, a sua abertura a jogadores nacionalizados.

Não pelo facto em si, não por qualquer manifestação xenófoba, mas sim pelo que ele significa, a abertura do critério de convocação de jogadores nacionalizados para a equipa de Portugal traduziu-se no período penoso que o futebol atravessa neste momento.

Ao utilizar jogadores brasileiros naturalizados, independentemente da sua mais valia desportiva, Scolari deixou cair o Futebol de formação e as selecções mais jovens no puro esquecimento.

Os resultados estão à vista: selecção em processo de renovação, uma segunda linha de opções de qualidade inferior e com pouca rotina ao mais alto nível.

Muitos poderão argumentar que a única condição para se ter direita à prerrogativa de jogar de Quinas ao peito será a obtenção da nacionalidade Portuguesa, logo trata-se de uma barreira meramente jurídica.

O problema é bem mais lato do que uma formalidade burocrática.

Quem quer que esteja à frente dos destinos do Futebol Português deverá ter um apertado critério para a definição daquilo que se quer para o Futebol Luso.

Não é o facto de ter havido excepções que elas se irão legitimar enquanto regra.

Mesmo não concordando totalmente com a nacionalização e convocação de Deco, aceito-a uma vez que foi um jogador que fez um percurso no Futebol Português. Em relação a Pepe é, porventura, o caso em que mais facilmente verificamos o sentimento de pertença, identificação e desejo de representação do País de acolhimento. O passado desportivo de Pepe foi feito em Portugal e o jogador preocupa-se em aproximar o registo oral do seu Português ao Português continental.

Um processo de naturalização traz a estes futebolistas inúmeras vantagens no que toca a cidadania mais sobretudo desportivamente falando.

Com identificação lusa, jogadores como Deco tornam-se jogadores comunitários (existem limitações para jogadores estrangeiros na maioria dos campeonatos), o seu passe desportivo é valorizado, o seu clube de origem receberá mais em caso de transferência e passa a ter mais possibilidades de valorização uma vez que poderá passar a actuar nas mais importantes competições que envolvam Selecções Nacionais.

Nos últimos tempos tem vindo à baila o nome de Liedson.

Portugal sofre de uma carência crónica de ter avançados goleadores mas nem por isso Portugal deverá ceder à tentação de convocar o Levezinho.

Já com mais de 30 anos, com a maior parte da carreira feita no Brasil, ser relações de linhagem familiar ou antecedentes genealógicos que o liguem a Portugal a nacionalização de Liedson é apenas uma formalidade que lhe irá conferir legalmente uma dupla cidadania mas que em nada lhe irá trazer benesses em relação aos jogadores Portugueses.

O principio é simples. O que queremos fazer do Futebol Português?

Torná-lo uma cantera de formação ou um Supermercado onde nos vamos abastecendo consoante as necessidades?

sexta-feira, 13 de março de 2009

TVI24


Depois da SIC e da RTP foi a vez da TVI se lançar, com um canal de informação, na televisão por cabo.
Logo na sua génese a criação deste canal me pareceu um passo arriscado para a Estação de Queluz.
Como mandam as regras do Marketing e dos estudos de mercado antes de lançar um novo serviço há que fazer uma vasta avaliação dos concorrentes a fim de se ter sucesso na profusão do produto.
Como se sabe, o sucesso de qualquer produto depende das expectativas e da imagem mental que a entidade que o promove tem na opinião pública. Ora ai reside o primeiro lapso da TVI. Apesar dos esforços que tem efectuado nos últimos anos, o canal não possui uma informação de referência, ou melhor, de todos os serviços que presta (Informação, Entretenimento. Ficção) a informação será o seu calcanhar de Aquiles.
A juntar a esse facto juntam-se os outros actores no mercado; SIC Noticias e RTP-N possuem já uma posição firmada e uma tradição jornalística incomparavelmente superior ao da TVI.
Transpor para o cabo o tipo de jornalismo sensacionalista característico da TVI, repetindo-o até à exaustão durante 24 horas de emissão seria um autêntico tiro no pé.
Que lógica teria criar um novo produto quem em tudo seria igual ao pré-existente?
Foi pois com grande expectativa que vi as primeiras emissões do TVI24 a fim de estabelecer uma comparação com o tipo de informação praticado no canal-mãe. Como previa a TVI optou por uma estratégia de diversificação, sendo que o TVI24 tem uma informação marcadamente virada para o internacional.
Qualquer pessoa que tenha uma experiência de redacção sabe que a maioria das noticias internacionais, salvo os casos excepcionais onde existem correspondentes ou enviados especiais, são feitas através da compra de serviços de agência.
Quando, por exemplo, assistimos a um "Jornal do Dia" no TVI24, repleto de noticias sobre o Mundo aquilo que estamos a ver é um trabalho realizado inteiramente por jornalistas estrangeiros, imagens filmadas por um operador de câmara exterior à TVI, declarações gravadas por alguém que não pertence aos seus quadros.
Falo num autêntico serviço de outsourcing, no qual os profissionais da TVI apenas terão que editar o que foi feito por outros.
Isto não é jornalismo é serviço de tradução.
O TVI24 será certamente utilizado como tubo de ensaio de programas, como espaço de formação de profissionais e de desenvolvimento de programas temáticos. Apostar nos espaços informativos "puros e duros" será um erro estratégico uma vez que existem actores que oferecem serviços de maior qualidade.
Outro facto prende-se com a estratégia de comunicação do canal. Utilizar o canal TVI para promoção dos programas do TVI24 parece-me, no mínimo, irrisório.
A TVI tem seguramente bem radiografado o seu mercado alvo e quando vemos, num vídeo de promoção, António Peres Metelo a anunciar o programa de economia "Contas à Vida" não estamos a ver as fervorosas consumidoras da ficção da TVI abandonarem as novelas para se inteirarem sobre o Subprime internacional.
Porquê apostar no Mundo em tempo Real quando se é melhor na Ficção?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Soares pouco Franco


Uma decisão totalmente inesperada.

Filipe Soares Franco ao renunciar a uma recandidatura à presidência do Sporting deixou o clube numa situação delicada.

Soares Franco, oriundo do mundo empresarial, trouxe ao Sporting capacidade negocial. Entre a obra feita pode-se destacar o facto de ter conseguido acordos com a Câmara de Lisboa para o loteamento dos terrenos e uma renegociação da dívida que o Sporting tinha para com as entidades bancárias.

Se somarmos a venda de património não desportivo, com a libertação do estrangulamento financeiro a que o clube deixou de estar obrigado, com uma politica de aposta na formação e venda de activos é fácil de concluir que a gestão de Soares Franco trouxe grandes proveitos ao Sporting.

Todas estas manobras às quais se juntam alguns processos de renovação com jogadores basilares pareciam prenunciar serem bases para a continuidade do trabalho de Soares Franco.

Redondo engano.

Referindo compromissos empresariais e incapacidade pessoal para modernizar o clube, Soares Franco anunciou que não se recandidataria à Presidência do Sporting.

Não só pela forma como o fez mas sobretudo pelo timing o anúncio é profundamente infeliz.

Primeiro porque isso irá atrair um círculo mediático para as bandas de Alvalade, dando azo a especulações sobre entradas, saídas, rescisões, criando mais pressão numa equipa de futebol jovem.

Mas o ponto mais delicado deste anúncio prende-se com o treinador Paulo Bento.

Sendo geralmente uma pessoa ponderada, Paulo Bento é, invariavelmente, um dos alvos preferenciais da imprensa. Ao ser o treinador da “Era Soares Franco” a renúncia do seu presidente deixa no ar um espectro sobre a sua própria continuidade. Numa altura tão delicada para as aspirações desportivas de um clube o departamento de Futebol deveria ser blindado e não exposto a pressão mediática.

Num clube em que o Futebol é um dos desportos estruturais para a sanidade financeira dever-se-ia proteger mais a modalidade e os seus intervenientes. Paulo Bento irá ser o mais visado com a decisão de Soares Franco.

Director Desportivo, Responsável pelo gabinete disciplinar, Director de Comunicação..quando é deixam apenas a função de treinador para o Paulo Bento?

Para o bem ou para o mal Paulo Bento é a cara do Sporting.