sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Igreja: Símbolos


Ao considerar a presença do crucifixo nas salas de aula uma ofensa à Liberdade religiosa, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem relançou o debate sobre a presença destes símbolos nos espaços públicos dos Estados laicos.

A reacção do Vaticano fez-se sentir de imediato argumentando que a presença dos crucifixos não constituía uma exortação ao catolicismo mas sim uma evidência da matriz cristã das sociedades Europeias. Uma redonda mentira uma vez que o ensino foi uma pedra basilar da doutrina eclesiástica ao longo da História.

Pergunto-me se depois de uma presença muçulmana de quase oito séculos na Península Ibérica não haveria a legitimidade de o crescente constar também nas salas de aulas.

A escola deve ser um espaço de formação, que permita a escolha e potencie o livre arbítrio dos alunos baseado no seu próprio quadro de referência, nunca poderá ser um mecanismo impositor de ideologias.

Ao estar integrada em Estados declarados laicos, ou seja, sem terem uma religião oficial, a Igreja deverá aceitar as regras desse jogo. Se até mesmo o Ensino da Religião e Moral passou de obrigatório a facultativo nas Escolas públicas por que motivo a exibição de símbolos religiosos ainda se mantém?

Ao retirarem os símbolos religiosos não se está a iniciar um movimento persecutório à religião Cristã, apenas se está a criar um ambiente de neutralidade em sociedades cada vez mais multiculturais, multiétnicas, com acentuada pluralidade de credos religiosos e que têm a legitimidade de não serem confrontadas com símbolos dos quais não perfilham afinidade.

Mais do que a qualquer entidade, compete à Igreja mostrar respeito pela liberdade individual.

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