O último mês terá sido, certamente, uns dos mais difíceis de sempre para o Primeiro-Ministro e, por inerência, para o seu Governo.
Desde que assumiu funções, o Governo socialista tem controlado, semana após semana, a agenda mediática, enchendo as páginas de jornais e usufruindo dos directos televisivos.
O Governo de Sócrates é um governo vanguardista, com consciência do tempo e da realidade em que opera e, desde o primeiro momento soube, através de manobras de marketing político, conquistar o seu espaço político, arrasando a concorrência.
Não é preciso um olhar treinado para constatar o cuidado milimétrico do Primeiro-Ministro com o mais ínfimo dos pormenores. Voz, entoação, gestos, postura, pausas, tudo é ensaiado para que surta o efeito desejado na opinião pública.
As Conferências de Imprensa sobre o pacote de medidas apelidado de “Simplex”, o Choque Tecnológico e o Aeroporto da OTA perpassam para a opinião pública a imagem de um executivo optimista, dinâmico e ciente do rumo que tem para o país.
Durante estes dois anos de governação o executivo foi, em termos mediáticos, omnipresente. Foi-o, em grande parte, por mérito próprio, mas há também que frisar que PSD e CDS-PP se encontram em convalescença após o arraso político das últimas legislativas.
Muito se tem falado da instrumentalização da RTP e da domesticação de alguns media por parte do Governo. Uma coisa é clara, há neste Governo um claro intuito de reformar o país.
Ao afectarem o grosso da população, mudanças na Saúde, na Justiça, nas Finanças. na Segurança Social, na Função Pública, podem ser trunfos se bem sucedidas, ou então, transformarem-se no pé de Aquiles do Governo.
Para o sucesso de qualquer operação politica há que haver predisposição para a mudança. É nesse sentido que entendo a instrumentalização da RTP, através de um jornalismo inócuo, pouco opositor ao regime.
Não o entendo como uma manipulação pura e dura, mas sim como uma necessidade actual. O país está mergulhado numa crise profunda e todos sabemos que, quando assim é, existe uma aversão à mudança porque ela acarreta riscos que não estamos dispostos a correr. O Governo tem-na usado para difundir uma mensagem de confiança (reparem na quantidade de vezes que esta palavra é usada pelo PM) aos portugueses.
Na história, são inúmeros os períodos
O New Deal (Novo Acordo), o programa de retoma económica protagonizado por Roosevelt, teria a oposição dos mais poderosos sectores americanos. Roosevelt necessitava de apelar às massas e fê-lo através dos meios de comunicação. Instituiu as Firesite Chats, conversas à lareira, em que explicava aos cidadãos, usando uma linguagem simples, vários aspectos da sua politica.
Afinal de contas, ninguém consegue cultivar um terreno que não esteja lavrado.
Com
A convergência do tempo político (Legislativas 2009) com o tempo mediático (Polémica da Licenciatura do PM e Aeroporto na OTA) poderá ter sido o ponto de viragem no espaço politico nacional, até então dominado pelo Governo.
Na minha opinião o problema neste momento da politica portuguesa é, como bem disseste no teu post, o facto de simplesmente não haver oposição ao governo de Sócrates. O PSD, o PP, o PCP e o BE não aproveitam os deslizes, por poucos que seja. Também verdade seja dita o nosso primeiro ministro não deixa margem de manobra para a comunicação social. Acho que a secretaria de imprensa do Socrates consegue segurar toda esta maquina pesada. A questão que se coloca é até quando isto vai durar? Acho que os nossos "media" ainda vão explorar mais um pouco a imagem de Sócrates no que diz respeito à sua licenciatura. Aqui entre nós, que ninguem nos ouve, penso que isto tudo foi muito mal explicado.
ResponderEliminarFinalmente este Governo insípido e muito light ao bom estilo de um actimel sem bífidos activos, está a tirar os "saltos altos" de que gozava desde a maioria absoluta das últimas legislativas.
ResponderEliminarO que os tem salvado é, de facto, uma oposição mediocre.
Na Direita deparamo-nos com Ribeiros sem conteúdo (água) e com um líder do maior partido de oposição que, com os seus 1.60m, praticamente se esconde das ideias e vem à praça para denunciar superficialidades dignas dum 24 Horas qualquer.
Na Esquerda a acção política resigna-se a manifestações constantes da Função Pública onde prolifera mais a bifana assada e o conhecimento do vinho regional do k a discução de ideias para uma Função Pública moderna.
Espera-se, no entanto, que algum político determinado e com projectos mas sustentáveis tenha nascido em alguma maternidade deste País (de baixa natalidade)que ainda não tenha fechado!!