quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Mourinho: Desempregado de Luxo


Para o comum dos mortais ser despedido é um drama autêntico, para o "special one" é mais um momento a coroar uma carreira repleta de sucessos.


Mourinho é um caso raro. Não falo do seu talento enquanto treinador e gestor de atletas pois isso é óbvio. O grande trunfo de Mourinho é a sua capacidade intuitiva, uma capacidade que lhe permite conjecturar o que se irá passar adiante e, com isso, agir em antecipação, surpreendendo.


Essa capacidade intuitiva é a imagem do treinador português no mundo. A American Express aproveitou-a para um anúncio no qual Mourinho antecipa os incidentes e está sempre preparado para os maiores imprevistos.


É neste capitulo que Mourinho é genial. Ao fazer uma leitura do que se passa, do clima de aceitação, do grau de confiança que adeptos e simpatizantes depositam nele, consegue escolher os timings certos para provocar, para tomar decisões, ou como foi desta vez o caso, sair em alta.


A sua saída foi uma cartada de mestre.


Não terá sido certamente a frouxa entrada na liga inglesa e o empate caseiro na liga dos campeões frente ao Rosenborg que terão precipitado a saída do treinador português. A ingerência do presidente Roman Abramovich. no departamento de futebol, através da imposição das compras de Schevchenko e Ballack. A gota de água terá sido quando o isrealita, Avram Grant, foi contratado para fazer a supervisão das contratações do clube.


As divergências entre Mourinho e o presidente eram notórias. Mas Mourinho sempre teve dois trunfos nas mãos: o balneário e os adeptos.


Ainda relacionado com a leitura que Mourinho faz, outro facto importante prende-se com o plano desportivo.


Quando chegou a Inglaterra Mourinho, numa conferência de imprensa repleta de jornalistas, prometeu que em três anos levaria o Chelsea a vencer a Premiership. Bastar-lhe-ia um ano apenas para alcançar a proeza.


Mas, se em Inglaterra o domínio do Chelsea foi quase absoluto, no plano internacional raramente se conseguiu impor.


Ao Chelsea de Mourinho exigia-se mais e Mourinho sabia que dificilmente, à partida para a sua quarta época em Inglaterra, conseguiria fazer melhor. E nada melhor do que sair em estado de graça e ser lembrado pelas conquistas do que deixar-se cair na decadência.


Mas, se Abramovich julgava que para um treinador narcisista como Mourinho, ser despedido sem glória seria um rude golpe no ego do treinador português, enganou-se redondamente.


Mourinho tornou-se no desempregado mais satisfeito do globo. Para trás deixou um clube em estado de anarquia, com jogadores a prometer uma debandada geral, adeptos a cantar o seu nome a plenos pulmões (os mais extremistas chegaram mesmo a largar uma lágrima) e vendeu o seu silêncio sobre a sua saída por 20 milhões de euros.


Dificilmente o clube londrino conseguirá atingir a performance que atingiu com Mourinho. Esperam-se momentos dificeis para o patrão multimilionário do Chelsea.


Quanto ao futuro de Mourinho cito mais uma das suas tiradas geniais em Março de 2007 «Se amanhã me despedirem fico milionário e tenho outro clube a pretender-me, por isso vou estar pressionado porquê?».


Premunição?


2 comentários:

  1. Boa Tarde Sr. Joao Pinto,

    Apesar de ter elaborado uma análise muito boa acerca da notícia, peca por um lapso que também foi difundido por alguns média...Peter Kenyon já era director de futebol do Chelsea quando Mourinho entrou e foi,aliás, ele que deu o aval para a escolha de Mourinho como treinador. O que abalou a confiança de Mourinho foi a entrada do actual treinador do Chelsea como supervisor das contratações do Chelsea e o Israelita é um amigo próximo de Abramovich, que com a sua entrada, tinha como objectivo retirar poder a Mourinho.

    De qualquer das maneiras é apenas um lapso dentro de uma boa análise como já tinha referido.

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  2. Caro Luis Martins,

    Agradeco o seu comentário e a leitura atenta.

    O erro foi já corrigido.

    Espero vê-lo por cá mais vezes. Cumprimentos

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