quinta-feira, 26 de abril de 2007

Salazar: O Grande Português?


Momentos históricos viveu a RTP com o programa "Os Grandes Portugueses".


Não se pense, porém, que tais momentos advieram do facto do concurso reviver as ilustres figuras que marcaram a história portuguesa.


É que desde a novela Gabriela Cravo e Canela, que chegou mesmo a levar à interrupção dos trabalhos parlamentares, que a elite académica não se envolvia tanto num mero programa televisivo.


De facto, é de louvar a iniciativa da RTP em promover o nosso imaginário colectivo e a nossa história em horário nobre. Mas é nestes aspectos que o denominado serviço público extrapola aquilo que dele se espera e decalca os modelos de entretenimento das estações privadas.


O estigma das audiências levou a RTP a optar por um programa interactivo, de debate aberto ao público, com recurso à votação via telefone, SMS ou online, com as cidades a encherem-se de mupies e cartazes anunciando as figuras a concurso.


Ponto 1 - Publicitação e Conceito de Programa

As minhas primeiras criticas vão nesse sentido. Nos cartazes com que me deparei nas ruas podia ler-se, por exemplo, "Marquês de Pombal: Visionário ou Sanguinário?". É totalmente redutor cingir figuras tão distintas do nosso património cultural a dois adjectivos, tenham eles conotação positiva ou negativa.


O modelo ideal para o serviço público será, "Formar, Informar e Entreter". A RTP, com os "Grandes Portugueses", subverteu esse principio para "Entreter, Informar e Formar"


A estação pública não quis tornar concurso em mais um "A Alma e a Gente" (José Hermano Saraiva) um programa de inequívoco valor formativo mas que se baseia apenas na debitação histórica, o que o torna pouco apelativo às massas.


A outra nota negativa vai para um segundo slogan "Só há lugar para um". Este é mais um dos exemplos em que as estratégias de marketing se sobrepõem à ética daquilo que deveria ser serviço público.


Terá querido a RTP passar a ideia de que existe espaço na história para uma só figura? A História é feita de personagens que em contextos, situações, condicionantes e regimes distintos deram um contributo inigualável para aquilo que hoje somos. A História é multi-contextual e, sobretudo, plural, nunca apenas reservada a uma pessoa só.


Com essas duas acções de posicionamento dispares a RTP criou um binómio que acompanhou o programa desde o começo. Por um lado, popularizou-o mas, por outro , entregou o debate e a defesa das figuras históricas às elites culturais do país. Esta Popularização vs. Elitização criou uma barreira ténue entre o formato de puro entretenimento e o debate sério tornando o programa num "sarau popularucho".


Ponto 2 - Salazar e a autenticidade dos resultados

Uma pergunta retórica. Alguém de bom senso acha necessário votar em figuras como D.Afonso Henriques, Infante D. Henrique ou Vasco da Gama, para lhes autenticar os feitos? Conquistar e edificar um País, catapultá-lo para descobertas marítimas, ou mostrar novos mundos ao mundo não são já factos só ao alcance dos pré-destinados? Não são, no nosso imaginário, figuras ímpares? Não são já Grandes Portugueses?


Excluindo as figuras históricas, restavam três grupos de opções: ou votaríamos no génio criativo dos poetas, nos valores humanos de Aristides de Sousa Mendes ou então, partidarizava-se o concurso e votava-se nos dois políticos a concurso: Cunhal e Salazar.


O primeiro pecado mortal da RTP foi ter excluído o nome de Salazar da lista de candidatos. Esse factor só lhe deu maior visibilidade.


O segundo foi o formato que a estação adoptou para o concurso; a pouca mobilização das massas populares levou a uma partidarização e militância nas votações. De acordo com Pacheco Pereira, o programa adoptou "um mecanismo que não sendo baseado em estudos de opinião mobilizou militantes".


O vencedor foi António Oliveira Salazar com 41% dos votos, o que perfaz cerca de 65 mil votos entre as quase 160 mil chamadas validadas. Mas devemos tirar ilações da votação? Os portugueses quererão um governo autoritário?


Muito se discutiu sobre os resultados do concurso. "subida da extrema direita em Portugal", "voto de protesto político", "morte simbólica do 25 de Abril". Aqueles que desvalorizavam o programa, apelidando-o de puro entretenimento, foram aqueles que criaram maior celeuma por causa dos resultados, há que ser coerente nas atitudes.


Os resultados têm algum significado mas são nulos em representatividade.


O modelo de votação assentou mais na iniciativa dos telespectadores, do que em métodos estatísticos, cada pessoa poderia votar mais do que uma vez, desde que o fizesse por telefones diferentes. Estas pessoas não constituem uma amostra da população da qual possamos extrair leitura dos resultados. Segundo Pedro Magalhães, director do centro de sondagens da Universidade Católica, "a votação feita por telefone tal como foi feita para este concurso não tem qualquer representatividade. Porque não só evita enviesamentos como não dá a todos as mesmas probabilidades de serem escolhidos".


A votação da RTP tem grandes parecenças com as votações e pequenos inquéritos online, votações baseadas na iniciativa (só vota quem quer), algumas com a possibilidade do multivoto. Alguém as considera crediveis?


A verdade é que outros estudos, feitos pela Eurosondagem e Marktest, usaram métodos probabilísticos com base em amostras representativas de toda população portuguesa e dão como vencedores do concurso D. Afonso Henriques.


quinta-feira, 19 de abril de 2007

Virgínia: Silêncio dos Inocentes


Columbine não serviu de lição.


Uma vez mais na América, uma vez mais numa Universidade, uma vez mais um jovem tem acesso a armas de fogo, uma vez mais dezenas de inocentes mortos.


A 20 de Abril de 1999 os Estados Unidos acordavam para mais uma tragédia. O reputado Instituto Columbine, Colorado, seria palco de uma carnificina atroz. Eric Harris de 18 anos e Dylan Klebold de 17 assassinaram 13 colegas recorrendo a armas de fogo e dezenas de explosivos.


Desta vez, em 2007, o alvo foi a Universidade Técnica da Virginia. Amanhã, caso tudo continue como até agora, um outro estabelecimento poderá ser o seguinte.


Cho Seung-hui, de origem sul-coreana tinha 23 anos e era, segundo relatos de familiares e colegas, um jovem timido e introspectivo mas brilhante.


Cho Seung, apesar de ter perpetrado o massacre no campus universitário, é uma vitima. Vitima do sistema americano de liberalização de armas, um sistema que permite a qualquer cidadão americano maior de idade e sem antecedentes criminais comprar uma arma de fogo.


Um sistema em que para comprar uma arma usada não é necessário apresentar a folha criminal nem exames que atestem a sanidade mental do comprador. Um sistema em que as armas e balas são vendidas em supermercados e cujos preços variam entre os 88 e os 432 euros.


Um sistema em que a NRA (National Riffle Association), uma associação de defesa do porte de armas com 3 milhões de associados, tida como a sucessora do Ku Klux Klan é financiada pelo Estado e constitui um dos maiores lobbies do país.


O jovem é pois vitima de uma sociedade violenta, obcecada pela posse de armas, com forte segregação racial na qual possuir uma arma é um direito consagrado constitucionalmente e que "não deve ser infringido (...) para a segurança de um estado livre".


Mais assustadoras que o massacre em si são as reacções ao mesmo. Paul Craig Roberts, um comentador conservador, que já pertenceu à administração Reagan reagiu da seguinte forma aos incidentes na Virgina:


"As trágicas mortes dos estudantes, aparentemente por uma pessoa insana, activarão novas tentativas de se banir a propriedade privada das armas. Assim que as armas forem banidas, a criminalidade explodirá. Donas de casa e membros vulneráveis da sociedade perderão a capacidade de se defender, abrindo espaço para mais invasões e ataques. A quantidade de crimes com armas brancas aumentará, assim como já ocorre na Grã Bretanha. A proibição de armas criará uma nova actividade para os criminosos como o tráfico de armas e vendas no mercado negro."


Curiosamente o campus universitário permanece, nos Estados Unidos, como um dos poucos locais em que a entrada de armas ainda é proibida.


Poderíamos pensar que o lobby do armamento é exclusivo da NRA mas a posse de armas é algo tão intrínseco à população americana que ela própria exerce pressão para que sejam totalmente liberalizadas.


Numa entrevista ao portal Diário Digital, Alex Newman, 21 anos, estudante de Jornalismo na Universidade da Flórida diz que se fosse permitida a entrada de armas na Universidade Técnica da Flórida "iria haver alguém com uma, que soubesse usá-la e que podia parar o atirador. Pelo menos haveria menos pessoas mortas. Queremos mais pessoas com armas, só assim as vitimas estarão em pé de igualdade com os criminosos."


É sintomático de uma sociedade violenta quando, na mentalidade de um jovem, está enraizado o principio de que a melhor defesa é o ataque.


Foi preciso morrerem mais 32 pessoas para que o debate sobre a proibição de armas de fogo fosse relançado. Como referiu oportunamente Rui Tavares (Público, nº 6229, Pingue-Pingue) o chavão mais comum para os defensores da posse de armas nos EUA é "não são as armas que matam pessoas, as pessoas é que o fazem".


Segundo a Visão nº 737 existem 192 milhões de armas nos lares americanos, 100 milhões de dólares é o valor que o lobby pró-armas dispende anualmente para campanhas políticas, 30 mil pessoas morrem todos os anos nos EUA devido a incidentes com armas e 30 por cento da população tem uma ou mais armas em casa.


É fácil percebermos agora os constantes vídeos de perseguições a criminosos em plena auto-estrada ou tiroteios em estações de serviço, todos eles filmados nos EUA. O medo causado na população obriga qualquer cidadão responsável a autodefender-se. E na América segurança é sinónimo de dedo no gatilho. Parafrazeando Cho Seung-hui os Americanos "têm sangue nas mãos e nunca vão conseguir limpá-las."


Num CD enviado pelo próprio à NBC e que continha fotos, videos e algumas páginas de texto Cho Seung-hui dizia o seguinte: "Vocês devastaram o meu coração e queimaram a minha consciência. Acreditavam que estavam a extinguir a vida de um menino patético. Graças a vocês, morro como Jesus Cristo, para inspirar gerações futuras de pessoas frágeis e indefesas"


Que Cho permaneca na mente dos americanos como um inspirador, um inspirador de mudança para que, de uma vez por todas, o Estado bana as armas de fogo e repense a sua politica exterior hostil. Quantas mais "pessoas frágeis e indefesas" terão que morrer?


Artigos Relacionados:

Cho Seung: NBC: O Pender da Balança


11 de Setembro: Terror em Directo



Quem quer que tenha perpetrado os atentados do 11 de Setembro teve uma inequívoca preocupação com a imagem. Mais do que atingir os dois gigantes de aço, as imagens de dois Boeings a perfurarem as Torres Gémeas pretenderam atingir o âmago de todos que a elas assistissem.


O 11 de Setembro foi sobretudo um atentado simbólico aos três poderes americanos: o militar (Pentágono), o económico (World Trade Center) e Político (Casa Branca, ataque falhado com a queda do Voo 93). Segundo Ignacio Ramonet, especialista em geopolítica e estratégia internacional, o atentado visava «atingir as imaginações, rebaixando, ofendendo e degradando as marcas principais da grandeza dos Estados Unidos, os símbolos da sua hegemonia em termos económicos».


Os autores desta perversão inqualificável tiveram em mente, mais do que ferir de morte os civis americanos, atingir a consciência do mundo ocidental e o seu sentimento de segurança.


O dia 11 de Setembro viu nascer um novo tipo de terrorismo, não um de cariz real, mas sim um terrorismo psicológico, de ameaça permanente, em que o inimigo não tem rosto, não tem uma pátria, ou espaço geográfico e os próprios alvos não são definidos, mas sim penalizados pela sua politica exterior. É um terrorismo em rede, multicultural e sem exigências ou pretensões claras.


Digo que não tem pretensões claras pois não exige a autodeterminação de um território, ou a libertação de presos políticos, apenas quer difundir um sentimento de inquietude permanente nas populações.


O ataque foi pensado para ser mediático. O embate na Torre Norte às 8:46 pretendeu atingir uma cidade já desperta, com pessoas nas ruas a dirigirem-se para os empregos. Este embate permitiu que os cidadãos e, sobretudo, os meios de comunicação se mobilizassem para o edifício difundido as imagens para todo o mundo e criando uma onda de terror generalizada. Centenas de pessoas aos gritos nas ruas têm seguramente maior impacto mediático do que se as ruas estivessem desertas.


Um segundo avião, embatendo na Torre Sul vinte minutos mais tarde, dissipou qualquer cenário de acidente e terá sido o primeiro atentado global, transmitido em directo para dezenas de países em simultâneo. O terror em directo deu maior impacto à hecatombe, deu-he um rosto, humanizou-a, o que não aconteceria com imagens editadas.


A barbárie do 11 de Setembro denotou precisão militar, denotou cuidado de planificação e, sobretudo, preocupações mediáticas.


Afinal de contas, não era só um edifício a ser atingido, mas sim toda uma ideologia dominante.


Contudo, estes atentados deixam no ar um enorme rol de questões sobre os seus intentos, sobre os seus autores, sobre eventuais encenações.


Num próximo artigo desvendarei algumas das teorias de conspiração que assolam as versões oficiais do governo Norte-Americano.


Podemos não acreditar nelas, mas não perdemos nada em tê-las em consideração. Porque a dúvida é a base do conhecimento.



Artigos Relacionados:

Neoterrorismo
Guerra das Liberdades


sexta-feira, 13 de abril de 2007

Espaço Político Mediático


O último mês terá sido, certamente, uns dos mais difíceis de sempre para o Primeiro-Ministro e, por inerência, para o seu Governo.


Desde que assumiu funções, o Governo socialista tem controlado, semana após semana, a agenda mediática, enchendo as páginas de jornais e usufruindo dos directos televisivos.


O Governo de Sócrates é um governo vanguardista, com consciência do tempo e da realidade em que opera e, desde o primeiro momento soube, através de manobras de marketing político, conquistar o seu espaço político, arrasando a concorrência.


Não é preciso um olhar treinado para constatar o cuidado milimétrico do Primeiro-Ministro com o mais ínfimo dos pormenores. Voz, entoação, gestos, postura, pausas, tudo é ensaiado para que surta o efeito desejado na opinião pública.


As Conferências de Imprensa sobre o pacote de medidas apelidado de “Simplex”, o Choque Tecnológico e o Aeroporto da OTA perpassam para a opinião pública a imagem de um executivo optimista, dinâmico e ciente do rumo que tem para o país.


Durante estes dois anos de governação o executivo foi, em termos mediáticos, omnipresente. Foi-o, em grande parte, por mérito próprio, mas há também que frisar que PSD e CDS-PP se encontram em convalescença após o arraso político das últimas legislativas.


Muito se tem falado da instrumentalização da RTP e da domesticação de alguns media por parte do Governo. Uma coisa é clara, há neste Governo um claro intuito de reformar o país.


Ao afectarem o grosso da população, mudanças na Saúde, na Justiça, nas Finanças. na Segurança Social, na Função Pública, podem ser trunfos se bem sucedidas, ou então, transformarem-se no pé de Aquiles do Governo.


Para o sucesso de qualquer operação politica há que haver predisposição para a mudança. É nesse sentido que entendo a instrumentalização da RTP, através de um jornalismo inócuo, pouco opositor ao regime.


Não o entendo como uma manipulação pura e dura, mas sim como uma necessidade actual. O país está mergulhado numa crise profunda e todos sabemos que, quando assim é, existe uma aversão à mudança porque ela acarreta riscos que não estamos dispostos a correr. O Governo tem-na usado para difundir uma mensagem de confiança (reparem na quantidade de vezes que esta palavra é usada pelo PM) aos portugueses.


Na história, são inúmeros os períodos em que os Governos se “apoderam” dos meios de comunicação para conseguirem os seus intentos, mais ou menos legítimos. Em 1933, Franklin Roosevelt, presidente dos EUA, via o seu país mergulhado numa crise profunda após o Crash da Bolsa de 1929 e a Grande Depressão.


O New Deal (Novo Acordo), o programa de retoma económica protagonizado por Roosevelt, teria a oposição dos mais poderosos sectores americanos. Roosevelt necessitava de apelar às massas e fê-lo através dos meios de comunicação. Instituiu as Firesite Chats, conversas à lareira, em que explicava aos cidadãos, usando uma linguagem simples, vários aspectos da sua politica.


Afinal de contas, ninguém consegue cultivar um terreno que não esteja lavrado.


Com 2009 a aproximar-se a passos largos, Luís Filipe Menezes (PSD) e Paulo Portas (PP) procuram chegar à liderança dos seus partidos, substituindo Marques Mendes e Ribeiro e Castro respectivamente.


A convergência do tempo político (Legislativas 2009) com o tempo mediático (Polémica da Licenciatura do PM e Aeroporto na OTA) poderá ter sido o ponto de viragem no espaço politico nacional, até então dominado pelo Governo.


quinta-feira, 12 de abril de 2007

O Valor da Imagem


Não existem verdades absolutas e, sobretudo, há que ter em atenção que o rumo da história é sempre escrito pelos vencedores.


Vivemos numa sociedade em que a visão se afigura como o sentido primordial, vulgarizaram-se expressões tais como “ver para crer”, “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Os factos só têm credibilidade se tiverem suporte de imagem. O sucesso de uma empresa depende da imagem que ela perpassa para o exterior. Uma boa imagem (entenda-se aparência) poderá ser o trampolim para sermos aceites numa qualquer entrevista de emprego.


Contudo a imagem é tão falível quanto o olhar humano, ela não passa de uma representação iconográfica.


Sublinho a palavra “representação”, ou seja teatralização, encenação.


As imagens fotográfica ou de vídeo são isso mesmo, uma encenação; não num sentido de manipulação, mas sim porque o repórter ao definir um ângulo, uma perspectiva e uma interpretação está a subjectivizar o objecto.


A imagem em si tem um valor relativo. Para que seja devidamente interpretada tem de ser explicada. É ai que reside o grande poder dos media. O de fornecerem uma explicação sobre aquilo que vemos.


Imaginemos uma situação concreta. Uma colina arborizada, uma espessa nuvem de fumo e uma multidão. O mero posicionamento da câmara poderá criar um pânico generalizado ou tranquilizar uma população inteira. Um plano geral poderá sugerir um incêndio de grandes proporções mas um plano mais próximo evidenciará que se trata apenas de uma queimada agrícola.


O caso supra referido é o paradigma da teoria psicológica do Gestaltismo. Esta teoria é baseada na percepção das formas e defende que não se pode ter a percepção do todo através das partes. A percepção correcta da realidade só é assimilada quando a totalidade do objecto nos é mostrada.


Segundo esta corrente da psicologia alemã, o mesmo objecto poderá ter duas leituras dependendo do plano de leitura que adoptarmos. É o caso paradigmático: Rostos de perfil vs. Vaso.



Este poder de mostrar imagens ambíguas e de as interpretar apenas segundo uma perspectiva deturpa a realidade e a percepção da opinião pública.


A televisão é, de todos os meios de comunicação, aquele que menos nos permite reflectir. Este facto deve-se sobretudo à sua dinâmica. Enquanto que num jornal de papel podemos voltar atrás na leitura, ler com mais minúcia, reler até percebermos o conteúdo, na televisão a assimilação é imediata e quase acrítica. Esse ritmo frenético desvirtua o acto de informação, transformando-o numa mera transposição de conteúdos visuais.


Quantas vezes em conversas de café já não utilizámos a expressão “viste o que aconteceu?” e não “compreendeste o que aconteceu?”. A velocidade vertiginosa com que a informação “franchisada” nos é transmitida leva apenas a um conhecimento superficial sobre o que se passou, sem ir ao cerne das questões.


O caso paradigmático que escolhi para abordar esta dicotomia entre imagem mostrada e realidade foi o fatídico 11 de Setembro. Em que medida aquilo que nos foi mostrado é a mais pura das realidades? Porque apenas damos ouvidos à versão oficial do Governo americano? Que poder tem realmente a imagem?


Abri este tópico com a expressão “não existem verdades absolutas” será sobre este fundamento que analisarei, num futuro artigo, algumas correntes de interpretação alternativa sobre os acontecimentos do 11 de Setembro.


Porque a dúvida é a base do conhecimento.



Observador XXI


Blog de opinião e exposição de ideias.

Todas as semanas um novo tema em análise.

Observador XXI - Um novo olhar sobre um novo século